Última a desfilar, a Mocidade Independente de Pedro Paulo, que levou à passarela o enredo “São tantas Emoções...”, ficou com a primeira colocação no Carnaval 2010 de Santos. Mas as campeãs da reciclagem foram a Bandeirantes do Saboó, a Mocidade Dependente do Samba e a Unidos dos Morros. Além do habitual aproveitamento das fantasias e alegorias dos outros carnavais - madeira, arames, tecidos, plumas, lantejoulas e adereços em geral - as agremiações buscaram no lixo o material para o luxo com que se apresentaram na Dráuzio da Cruz.
“Fiquei admirada quando vi páginas de revistas virarem colares de baianas”, comenta Clarice Mazagão, presidente da Bandeirantes, ao elogiar os artesãos que também transformaram garrafas pet em flores.
Serragens doadas por uma madeireira receberam tinta para imitar grama ou pêlos de animais, isopores de câmaras frigoríficas deram forma a sete esculturas, entre elas uma porta-bandeira de 3,80m de altura, tecidos e plumas do ano passado sobreviveram para decorar os quatro carros alegóricos deste ano.
E até mesmo colchões e guarda-roupas, jogados no lixo pelos moradores do bairro, transmutaram-se, respectivamente, em copas de árvores e caixões para representar o Cemitério da Filosofia, já que a escola narrou a história do bairro onde se localiza um dos maiores cemitérios de Santos. "Foram recolhidas mais de duas mil garrafas com a comunidade, em três meses", conta o escultor e carnavalesco Marcos Tola. A reciclagem proporcionou uma economia de cerca de R$7 mil na compra de material, dinheiro aproveitado para a contratação de mais pessoas e aluguel do barracão.
Outra escola que apostou no reaproveitamento foi a Mocidade Dependente do Samba. O presidente, Abelardo Fernandes da Silva, diz que as pedrarias do último desfile foram reutilizadas, o mesmo ocorrendo com os arames das costeiras da bateria, esse ano distribuídas em duas alas. "A gente reciclou tudo que podia". A agremiação exibiu ainda uma escultura formada por cerca de 500 garrafas pet, arrecadadas pelos diretores e componentes.
Customização é a palavra com que o carnavalesco Di Souza, da Unidos dos Morros, define essa transformação do material usado. " Por isso a gente sempre pede para a comunidade não jogar fora a fantasia e trazer aqui para a escola", conta o carnavalesco.
Amélia Fernandez Gonzalez
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