Ecoturismo - 'Abismo cultural' permeia convivência entre índios e brancos no AM

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Cabeça do Cachorro concentra diferentes povos indígenas. Militares destruíram pedra sagrada para construção de aeroporto.

Índios e brancos convivem lado a lado na região da Cabeça do Cachorro, no noroeste do Amazonas, mas, em muitos casos, um abismo cultural impede o entendimento entre eles.

Talvez o grande símbolo da incompreensão mútua e da difícil relação entre brancos e índios na região seja uma pedreira em Iauaretê. Ela foi dinamitada pelos militares que queriam matéria-prima para a construção de uma pista de aeroporto. Só que, sem saber, eles mandaram pelos ares a pedra sagrada dos índios tarianos.

Os índios ficaram furiosos. Primeiro porque o aeroporto está no caminho da roça. Depois, porque a Aeronáutica, a responsável pela obra, até consultou alguns líderes indígenas.e evitou alguns locais sagrados, mas não todos.

“Construir um aeroporto grande aqui pra quê?, questiona Izidro Freitas, índio tukano.

“A questão toda é que nós não somos uma única tribo, nós somos várias tribos, e cada uma delas tem o seu modo de compreender cada local desses”, pondera Domingos Sávio, diretor da Foirn (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro).

Pela cidade, índios e “forasteiros” convivem de diferentes maneiras. Mal conheceu a índia Clara, o paraibano Vicente Linhares foi pedir a mão dela. “Dentro de mim eu via que eu com ela nós íamos ter um futuro e construir uma família”, diz.

“Isso que é o bonito, né? Ter uma diversidade grande de raças, de etnias. Porque se o mundo fosse todo igualzinho não seria bonito. O bonito é o diferente” comenta a professora Francinete Martins. “Se a gente consegue tolerar a diferença e consegue conviver bem, todo mundo tem a ganhar”.

Para o alemão Peter Ali, que também mora na região, um país assim misturado era coisa de cinema. Como o que ele viu no filme “Iracema”, que passou na TV alemã. “Eu vi esse mato e essa floresta. Aí eu gostei. Botei isso na cabeça e ninguém me tirou. nem minha mãe, nem meu pai, nem ninguém!” Na oitava visita ele ficou de vez.

Danilsar se apaixonou pelo gringo que gostava de índio.”Ele sempre apoiou os índios. Eu sou uma índia e tenho orgulho de ser índia.” O marceneiro Peter casou e quis casa, que ele mesmo fez. E vai tudo muito bem entre o casal.

Do Globo Amazônia, com informações do Jornal Hoje

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1 Response
  1. Alex Says:

    Olá, obrigado por ter comentando no meu blog Camping Selvagem. Sou eng. ambiental e tenho um interesse especial pelo ecoturismo sustentável. Parabéns pelo blog e já adicionei o seu na minha lista de links. Espero sua visita novamente. Abraços, Alex