Ecoturismo - China sinaliza corte de emissões de CO2

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A China precisa de metas rígidas para que suas emissões de gases do efeito estufa desacelerem e comecem a cair até 2030, indica um estudo produzido por um grupo de pesquisadores ligados ao governo do país.

O apelo por "metas quantificáveis" para limitar a poluição de gases-estufa se opõe à política adotada por Pequim, que até agora vinha evitando assumir compromissos de corte.

"Em 2008, a China se tornou o país que mais emite gases-estufa, e agora encara desafios sem precedentes", afirma o relatório de 900 páginas, reconhecendo publicamente que a população chinesa ultrapassou a americana em queima de combustíveis fósseis -apesar de a emissão per capita ser mais alta nos EUA. "Assim que possível, é preciso estudar e esboçar metas relativas e depois absolutas para limitar o volume total de emissões de CO2."

O documento, intitulado "Relatório de Energia e Emissões de CO2 na China de 2050", propõe que o aumento das emissões desacelere acentuadamente em 2020 e passe a cair a partir de 2030.

Se a meta for alcançada, daqui a quatro décadas a produção de gases-estufa por queima de combustível fóssil no país "pode cair para o mesmo nível de emissões de 2005, ou até mais", afirma o estudo.

Apesar de produzido por assessores do governo chinês, o relatório não equivale a uma declaração política. O documento sinaliza, porém, que a China deve buscar uma posição para permitir a construção de um consenso no próximo acordo global de corte de emissões. O tratado, que deve ser firmado em dezembro num encontro em Copenhague, dará continuidade ao Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.

Pelo acordo atual, a China e outros países em desenvolvimento estão desobrigados de metas de corte de emissões. Até agora, o governo chinês vinha resistindo a pressões para que essa regra mude.

"Este relatório pretende mostrar ao governo [chinês] quais são suas opções", diz Deborah Seligsohn, da ONG World Resources Institute, que promove políticas contra o aquecimento global. "Acho que eles estão concentrando bastante seus esforços para levar as negociações adiante."

Clima nos bastidores
No início do mês, o embaixador chinês para assuntos de clima, Yu Qingtai, afirmou que seu país pretende reduzir a curva de crescimento das emissões assim que possível.

Na próxima semana, o Comitê Permanente --autoridade do Partido Comunista que define as prioridades a serem apreciadas no parlamento chinês-- deve analisar um outro relatório sobre política para mudança climática, afirmou a agência de notícias estatal Xinhua.

Os autores do novo relatório incluem especialistas em clima de organizações chinesas como o Instituto de Pesquisa Energética e o Centro de Pesquisa em Desenvolvimento, que assessoram o governo. Os pesquisadores reforçam que o estudo é um trabalho científico e não um plano de metas definitivo. As propostas, porém, já passaram pelas mãos de autoridades e foram mencionadas numa reunião de cúpula do partido na semana passada. O documento também lista os problemas estruturais que a China pode vir a ter com o aquecimento global.

Folha de S.Paulo

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