Ecoturismo - Palocci acerta candidatura ao governo de SP

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O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho deverá ser o candidato do PT ao governo de São Paulo em 2010. Ele fez esse acerto com o presidente Lula a fim de tentar "limpar o nome" numa eleição majoritária para voltar a ser uma estrela de primeira grandeza. Mesmo livre judicialmente da acusação de quebra do sigilo do caseiro Francenildo Costa, Palocci não é visto por Lula como uma alternativa no jogo presidencial. Lula acha que, politicamente, ele ainda precisa responder aos eleitores.

Ou seja, precisa passar por uma eleição majoritária, na qual usaria o programa de TV para apresentar seus argumentos e amenizar a imagem de poderoso que prejudicou um homem simples como o caseiro. O presidente acha que Palocci deve dar explicações aos eleitores para recuperar prestígio político, pois já conta com o apoio de boa parte da classe empresarial.

Mais um motivo para a opção São Paulo: Lula está fechado com a potencial candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e não pensa em plano B. Lula e Palocci sabem que será difícil vencer a eleição paulista -o favoritismo é do PSDB, que comanda o Estado desde 1995. Na hipótese de derrota de Palocci e de vitória de Dilma, Lula o indicaria para ocupar a Casa Civil no futuro governo petista.
Caso percam Dilma e Palocci, ele poderia se dedicar a consultorias econômicas e a fazer política no PT. Lula disse que uma candidatura a deputado federal o carimbaria como político com teto. A decisão do Supremo Tribunal Federal e a sinalização do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) de que não pretende concorrer ao governo paulista abrem o caminho para Palocci disputar o Bandeirantes.
Por ora, porém, o ex-ministro não deverá assumir essa postulação, apesar de, no PT paulista, toda a cúpula apoiar esse projeto. Qualquer decisão eleitoral só deverá ser anunciada no ano que vem. A estratégia de Palocci está articulada com o PT paulista, que deve aprovar neste final de semana o calendário eleitoral para os próximos meses e jogar a decisão oficial sobre a candidatura para fevereiro ou março. Até lá, o partido deve fazer uma nova rodada das suas caravanas, eventos que rodaram o Estado discutindo problemas de cada região e criticando o governo de José Serra (PSDB).
A intenção das lideranças petistas é "estimular" a participação de seus possíveis candidatos, como o prefeito de Osasco, Emidio de Souza, e de nomes mais fortes eleitoralmente, como Marta Suplicy e Palocci.
Na esteira da absolvição, o PT paulista vai iniciar uma consulta direta a seus pré-candidatos ao governo em 2010. O partido também pretende fazer uma pesquisa qualitativa para saber se a população atrela o episódio da quebra do sigilo do caseiro à imagem de Palocci.
Palocci avalia que terá poucas chances de vitória se o PSDB marchar unido em torno da candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin, líder disparado na mais recente pesquisa Datafolha, ou se Serra concorrer à reeleição. Em contrapartida, se o adversário tucano for o secretário da Casa Civil paulista, Aloysio Nunes Ferreira, Palocci acredita que pode ter chances.
O desejo de Palocci, segundo seus interlocutores, neste momento seria voltar à Esplanada dos Ministérios, onde esteve à frente da Fazenda até 2006. Sua volta, no entanto, só deve ocorrer se for para a Casa Civil, no lugar da provável candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, ou na própria Fazenda -hipótese improvável. Um possível chamado para a articulação política, no lugar de José Múcio (PTB), seria recusado, pelas complicações do cargo, dizem aliados do deputado.
O presidente também não deseja reconduzir Palocci ao seu primeiro escalão. Lula o ouve quase semanalmente sobre economia e outros assuntos. Acha-o um quadro técnico e político de primeira. Uma eventual ida para o ministério teria fôlego curto, pois em abril ele precisaria sair do cargo para concorrer em 2010.


Kennedy Alencar, Pedro Dias Leite e José Alberto Bombig
Folha de S. Paulo
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