Ecoturismo - Walt Disney pôs Orlando nos mapas do turismo

Ecoturismo & Sustentabilidade

Natural de Chicago, Walter Elias Disney (1901-1966) já tinha construído na Califórnia a Disneylândia quando, em 1961, mostrou na televisão onde na Flórida iam ficar o Magic Kingdom/Walt Disney World e o Epcot (www.epcot.com). Abertos respectivamente em 1971 e 1982, os parques custaram, à época, US$ 700 milhões.

Nesse mesmo programa de TV, diante do mapa da Flórida, Walt Disney apontou o lago Buena Vista, a 30 km a sudoeste de Orlando, indicando a região que entraria no mapa-múndi do entretenimento abrindo caminho para uma série de outros megaparques.
Disney mudou, assim, a geografia desse tipo de turismo e, depois de construir os megaparques da Califórnia, abertos em 1955, e da Flórida, fez história ao colocar sua marca em parques nos arredores de Tóquio e de Paris.

Logo surgiram outros importantes complexos temáticos de lazer e de hotelaria nas cercanias de Orlando, cidade que hoje reúne mais de uma centena de atrações e tem à disposição dos visitantes 113 mil quartos de hotéis e 5.300 restaurantes.

E entre os diversos megaparques de Orlando, há sempre novidades: o SeaWorld (www.seaworld.com) abriu no dia 22 de maio a "Manta", montanha-russa que transita entre o ar e a água mostrando raias e outros animais marinhos; já o Universal Studios (www.universalorlando.com.br) está para inaugurar o "Hollywood Rip Ride Rockit", montanha-russa que terá alta-tecnologia para transformar a experiência do visitante em viagem multi-sensorial. Até a princesa Diana será tema de atração prometida para ser inaugurada no dia 30 de novembro em Downtown Disney.

Passado presente
Cercada de parques de diversão por todos os lados, a região da Flórida nas cercanias de Orlando já tinha um parque dedicado ao esqui aquático e cercado por jardins, o Cypress Gardens (www.cypressgardens.com) desde 1936.

Esse local, que completou 73 anos, foi um embrião da transformação. Mas foi Disney, em pessoa, o criador de uma nova geografia do turismo de entretenimento nos EUA.

Hoje, Orlando (www.orlandoinfo.com/portugues e www.VisitOrlando.com) é uma cidade plural de 1,9 milhão de habitantes onde o turismo gera divisas da ordem de US$ 31,1 bilhões/ano ao receber, entre estrangeiros e norte-americanos, 48 milhões de visitantes (a título de comparação, o Brasil recebe algo em torno de 4,6 milhões de turistas estrangeiros/ ano).
O aeroporto internacional de Orlando (cuja sigla é MCO), que já tinha 480 km de pistas em um grande hangar nos anos 1930, recebe em nossos dias voos regulares de 40 empresas aéreas, além de 12 fretamentos de jatos de passageiros, servindo 84 localidades nos EUA e 17 cidades internacionais -incluindo São Paulo, que tem voo direto e diário da TAM.

Inicialmente coberta por pântanos e habitada pelos índios seminoles, Orlando remonta a 1838, ano em que foi estabelecido o forte Galin. Mas a cidade praticamente iniciou seu crescimento urbano pacífico com a chegada da luz elétrica, no início do 20.

Uma foto tirada na cidade de Tampa, em 1906, mostra um bonde com a propaganda que enunciava as virtudes de Orlando: "Boas estradas, visite, água pura, sem insetos, terra rica."
Daí em diante, a cidade aterrou seus pântanos e se desenvolveu. Em 1911, uma prova automobilística na rua Pine reuniu dezenas de automobilistas, muitos deles guiando calhambeques ingleses, com a direção do motorista à direita.

Nos anos seguintes, quando o século 20 engatinhava, Miami, a maior entre as cidades vizinhas de Orlando, cresceu dragando pântanos, constituindo laranjais e coqueirais e até atraindo turistas para seu nascente balneário à beira-mar.

Nessa mesma época, Orlando aproveitou a onda desenvolvimentista e, a despeito das geadas que prejudicaram suas safras de cítricos, viu chegar a ferrovia e as estradas de rodagem. A companhia aérea Pan Am já operava voos comerciais entre Miami e Havana (Cuba) desde 1929, mas a crise da bolsa de Nova York teve como efeito uma desaceleração das viagens de lazer, inclusive na Flórida.

Revezes à parte, nos anos 1930 a região de Orlando já tinha entrado definitivamente no mapa do turismo e a própria cidade era chamada de "a capital aérea da Flórida."

Parque pioneiro
Há 73 anos, quando o ano de 1936 mal começava, no dia 2 de janeiro o casal Dick e Julie Pope inaugurou em Winter Heavan, nos arredores de Orlando, o Cypress Gardens, desde logo um local para aficionados pelas exibições acrobáticas de esqui aquático.

O parque fez tanto sucesso nas décadas seguintes que virou até cenário e tema de filme de Hollywood. Ali, 1953, foi rodado "Easy to Love" (ou "Fácil de Amar"), estrelado por uma ex-nadadora olímpica, a atriz Esther Williams.

Nos anos 1960, no bojo dos esforços para colocar um homem na Lua, a turística Flórida Central virou região estratégica para o governo dos EUA.

Próximo da costa, no cabo Canaveral, a Nasa desenvolveu sua estação para lançamento de foguetes ainda utilizada em nossos dias.

Desse local, que também tem seu megaparque temático desde 1996, o Kennedy Space Center (www.kennedyspacecenter.com), partiu a missão Apollo 2 levando à superfície lunar, em 1969, os astronautas Michael Collins, Buzz Aldrin e Neil Armstrong.

Adultos também têm vez
Ainda no entorno de Orlando, Winter Park é, na realidade, uma pequena cidade que faz a alegria dos marmanjos, com suas boas lojas e restaurantes e um museu onde o destaque são os objetos e as joias de cristal filiadas ao estilo art nouveau criadas por Louis Comfort Tiffany (1848-1933).

Chamado de museu Morse de Arte Americana (www.morsemuseum.org), o local reúne ainda um rico acervo de pinturas do século 19 e 20, com destaque para os quadros de John Singer Sargent.
Outro museu suigeneris da região é o Mennello Museum of American Folk Art (www.mennello.com), que expõe entre outras a obra do pintor primitivista Earl Cummingham (1893-1977), artista que, à sua maneira e com cores vivas, pintou uma Flórida que não está à mostra nos parques temáticos.

SILVIO CIOFFI
Folha de S. Paulo

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