Brasil apresentará plano para reduzir queima de biomassa

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O Brasil apresentará em dezembro na Cúpula da ONU sobre o Clima, em Copenhague, um plano para reduzir a queima de biomassa, anunciou hoje o glaciólogo Jefferson Simões, diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera. "No Brasil, há um parque de energia industrial limpa, que não constitui um problema, mas também se produz algo com que não estou de acordo, que é a queima da biomassa", disse Simões durante um evento realizado nesta semana na cidade chilena de Punta Arenas.

A destruição de biomassa por meio de incêndios, prática muito comum na América do Sul e especialmente no estado do Mato Grosso, gera a emissão de gases que provocam o efeito estufa e é a principal fonte de poluição atmosférica da América, segundo pesquisas realizadas por especialistas da universidade de Toronto (Canadá) e da universidade católica da Argentina.

É por isso que Simões, um dos principais pesquisadores do mundo de regiões cobertas por gelo e neve, opina que os países da região "também devem fazer sua parte". Para Simões, uma das prioridades dos Governos latino-americanos deve ser negociar a transferência da tecnologia limpa que empregam os países desenvolvidos.

"Temos uma boa oportunidade para aproveitar o conhecimento adquirido, não podemos seguir modelos que foram desastrosos e que representaram a destruição das condições ambientais", diz. O glaciólogo, que participou de mais de 20 expedições polares - entre elas, a primeira missão científica brasileira ao continente antártico -, afirma que um manejo adequado da política ambiental pode permitir a resolução de "questões mais profundas, como a distribuição de renda".

Em sintonia com a postura defendida por alguns líderes sul-americanos, Simões sustenta que deve haver um tratamento diferenciado em matéria de emissões de gases estufa entre os países em desenvolvimento e as potências industriais causadoras do problema. "Não se podem exigir os mesmos limites, mas os Governos também devem fazer sua parte. Seria estúpido repetir os mesmos erros e dizer simplesmente que agora é nossa oportunidade de fazer o mesmo; isso seria não aprender da experiência do passado", aponta o glaciólogo.

Para o pesquisador, chegou a hora de dar valor comercial a um meio ambiente limpo. "Os economistas não consideram o ambiente como um bem, mas como um custo; isto é uma maneira viciosa de ver a realidade, uma visão a curto prazo. É preciso pensar nas futuras gerações, e não no bolso".

Agência EFE
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