Serra de Paraty (RJ) guarda cachoeiras, alambiques e boa comida


O passado diz muito sobre Paraty, mas não diz tudo. A cidade do litoral sul fluminense que vive de história e cultura para alimentar o turismo tem mais a mostrar. Basta subir a serra.

Tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e candidata a patrimônio da humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), Paraty não se limita ao seu belo e preservado centro histórico. Seguindo a antiga trilha que levava às Minas Gerais, descobrem-se cachoeiras, alambiques e restaurantes.

A 9 km do centro de Paraty e a 44 km de Cunha (SP) fica o marco do chamado Caminho do Ouro. Em meio à dificuldade de se restabelecer a trilha usada por índios, escravos e portugueses, o projeto busca valorizar a área como um todo, destacando as atividades comerciais (comes e bebes) e os atrativos naturais.

Os passeios são feitos com jipes e acompanhados por guias, que podem ser contratados no centro de Paraty. Devido à destruição, no último verão, da estrada que liga Paraty a Cunha --que já era quase intransitável para veículos comuns--, só é possível chegar ao núcleo a partir da cidade litorânea.

Atrás do centro de informações turísticas do Caminho do Ouro sai uma curta trilha para o poço do Tarzã e para o Tobogã.

Mas um dos mais belos cenários da serra fica a alguns quilômetros dali. A cachoeira da Pedra Branca tem três estágios que formam piscinas naturais. Fica numa antiga propriedade de D. João de Orleans e Bragança, que tentou fazer funcionar uma usina onde hoje há um restaurante.

Cachaça
Contam os mais antigos que a serra de Paraty já teve cerca de 150 alambiques. Hoje as propriedades são bastante reduzidas, divididas entre as que reabriram a partir da década de 50 --como Coqueiro, Corisco e Paratiana-- e as mais recentes, como Maria Izabel (de família tradicional da região) e Engenho D'Ouro.

Nesta última, utiliza-se apenas cana plantada dentro da propriedade, orgânica e utilizada logo após o corte, diz Norival Silva Carneiro, dono do alambique. É uma forma de evitar a proliferação de fungos e garantir uma cachaça de boa qualidade.

Como é tradicional, pelas propriedades encontram-se também muitos doces, especialmente o de banana, cujo plantio tem sua marca na história da região.

Antes de degustar os quitutes, porém, vale almoçar em algum dos restaurantes da área, como o Villa Verde, com massas artesanais bastante leves e saborosas para degustação em meio a uma bela paisagem --com direito a cachoeira--, e o bistrô Alquimia dos Sabores, experimental, para paladares mais adocicados.

Eles integram o festival Delícias do Mar, no qual 14 restaurantes oferecem cardápio especial aos finais de semana e feriados de 10 de abril a 3 de maio.

Mary Persia
Editora de Turismo da Folha Online
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