Realidade - no papel e fora dele - Por um mundo melhor

Enquanto Governos, Organizaçãoes Não Governamentais (ONG's), empresas e interessados aguardam com grande expectativa saber as resoluções que serão sugeridas na 15ª Conferência das Partes (COP-15), a acontecer na Dinamarca no próximo mês de dezembro, alguns empresários do setor da navegação já demonstram estar preocupados com os tratos à ecologia e oferecem ao mercado da navegação marítima internacional navios que vão ao encontro dos anseios de quem se interessa pela diminuição do aumento do clima no Planeta.



Há algum tempo o Armador francês CMA-CGM usa os chamados eco-contêineres, equipamentos iguais aos tantos contêineres que vemos por aí, mas com um detalhe muito importante - eles possuem os pisos feitos de bambu, o que reduz drasticamente o corte de árvores da espécie Apitong - Apitong - Dipterocarpus Costulatus. Esta árvore do Sudeste Asiático (onde está concentrada a maioria das fábricas de contêineres) leva cerca de 60 anos para atingir o ponto ideal de utilização e, cada vez mais rara, encontra-se em processo de extinção.

Em contrapartida, o bambu, tida como a planta de crescimento mais rápido no planeta, leva apenas de quatro a cinco anos para amadurecer, pode ser plantada praticamente em qualquer lugar e atende perfeitamente os requisitos de capacidade de carga como os pisos convencionais e sua útil é estimada de 10 a 12 anos.

As preocupações não se limitam ao desmatamento das florestas. Agora chega também aos navios, pela própria CMA-CGM que recentemente lançou ao mar o navio Christophe Colomb, com capacidade para 13.300 TEU's (equipamentos equivalentes a 20', ou seja, um contêiner de 40 pés equivale a dois de 20 pés).

O que este navio tem de diferente, além do tamanho? A economia, ou melhor, a eco-economia. O sistema utilizado no novo navio aumenta a eficiências da propulsão reduzindo de 2 a 4% a emissão de gases e também possui um controle eletrônico do motor que reduz o consumo de óleo em 25% e 3% de combustível, podendo operar também em baixas velocidades, algo entre 14 a 15 nós quando o normal é cerca de 20 a 23 nós o que proporciona uma economia ainda maior.


Por sua vez, a armadora japonesa NYK Lines lançou em abril deste ano o estudo inicial para um navio de energia eco-eficiente, que emitirá menos CÓS que os atuais. Este navio, o NYK Super Eco Ship, deve ser lançado somente em 2030 e utilizará meios propulsores variados, como o uso de células combustíveis à base de gás, células solares e de energia eólica, podendo diminuir a emissão de CO2 em cerca de 69% por contêiner carregado.

São 21 anos para sair do papel, o que, para um projeto de tamanha envergadura, não é muito. Sim, o mundo está preocupado e a navegação marítima, que domina o comércio internacional, não está alheia ao que acontece.

Bom seria se os governantes olhassem bem à frente, para um futuro longínquo, sabendo que logo ele estará batendo em nossas portas. O tempo é inexorável e não podemos deixá-lo passar em branco.

Carlos Freire

Fotos: 1- Divulgação  CMA-CGM/ 2- Divulgação NYK
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