Dia 31 de dezembro, seis horas da tarde. O último lugar que alguém normal deve se meter é em um supermercado junto com os eternos “deixa para a última hora”, mas um jantar de dia 31 sem Cola-Cola (para os não simpatizantes do alcool) não tem graça. E lá fui eu para um supermercado do Grupo do Pão de Açúcar.
Quando cheguei, logo na entrada avistei um monte de cartazes falando de sustentabilidade e assuntos do gênero. Até aí, nada de anormal, o que mais se viu neste final de ano foi o tema sendo explora a exaustão, o que é muito positivo. O Papai Noel virou verde, as embalagens passaram a ser todas ecologicamente corretas, os hipermercados passaram a racionar ainda mais as sacolas as plásticas para evitar mais toneladas delas poluindo o meio ambiente, as ecobags ganharam destaque no caixa, todos se converteram com a sustentabilidade. Mas como falei, até aí, tudo normal.
Peguei dois refrigerantes, optei pelos de tamanho família, além de serem mais econômicos,são ecologicamente corretos, porque diminuem a produção de embalagens PET, ao colocarem numa embalagem pouco maior, o que necessitaria de ao menos duas garrafas de 1,5 litros.
Contudo, o que me chamou mais a atenção, quando estava numa das filas enormes foi o fato de várias embalagens de biscoitos, torradas e produtos do gênero passarem a usar além das já famosas caixinhas de papelão ou embalagens de plástico exterior do produto, agora, estão usarem também embalagens interiores que subdividem o produto em quantidades menores (saquinho com uma ou duas unidades do produto). De fato, isto facilita o consumidor na hora de levar apenas duas ou três torradinhas para o lanche do que a embalagem inteira, mas a questão é outra, quantas toneladas de plástico e de produtos que agridem o meio-ambiente foram e irão ser produzidas com estas facilidades não podem agredir o meio-ambiente.
Apenas por curiosidade, o plástico leva mais de 100 anos para se decompor e como apenas 20% do plástico no Brasil é reciclado (comprando as latas de alumínio que são 90% e ao papelão que é de 80% do total), isso quer dizer, que de cada 10 embalagens de “unitárias” que um produto tem, oito vão parar nos aterros sanitários, nas praias, nos bueiros e em tantos outros lugares inimagináveis.
Se já não bastasse isso, quando fui pagar no caixa, vi uma placa dizendo para sermos ecologicamente corretos e pegarmos uma caixa de papelão ao invés de sacolas. Ideia muito boa por sinal, eles se livram de toneladas de papelão inúteis e ainda ajudam o meio-ambiente. O problema começou na hora em que fui solicitar à funcionária que estava no caixa a as embalagens de papelão. Eu precisava ir ao fundo da loja, procurar uma caixa e pegar. Olhei para ela, para as dezenas de pessoas que se aglutinavam na fila há pelo menos uns 40 minutos (eu fiquei quase uma hora na fila) e por questões de segurança achei melhor pegar uma sacola de plástico, mas das pequenas à ir procurar uma caixa de papelão no fundo da loja e largar ainda mais as pessoas na fila.
A atitude é louvável, porém elas têm que sair da vontade e se transformar em realização plausível. Se tivesse embalagens de papelão nos caixas, com certeza absoluta, uma quantidade enorme de consumidores iriam optar pelo ecologicamente correto, mas é mais fácil ser ecohipócrita à ser correto.
Em questão, antes de optar pelos sacos plásticos, perguntei quanto custava uma ecobag a caixa. Apenas R$ 8,00! (mais de 50% mais caro que o valor total da minha compra)
Ecohipócrita
Postar um comentário