Até março, Nova York alia charme e liquidações

Nova York, metrópole onde vivem 8,3 milhões de habitantes --40% deles são estrangeiros--, cria e protagoniza, absorve e irradia, e finalmente vence crise após crise, mantendo a efervescência.


O prefeito Michael R. Bloomberg estima que a Big Apple receberá, em 2010, 46,7 milhões de turistas (entre estrangeiros e norte-americanos) colocando Nova York no topo da lista de destinos mais populares dos Estados Unidos pela primeira vez em duas décadas.

Para o visitante, qualquer estação do ano costuma ser boa o bastante para explorar a metrópole -faça sol ou caia neve. Os que aguentam o frio aproveitam dois períodos em que a metrópole parece transbordar mais charme por suas ruas e avenidas: o outono e o inverno, que agora está chegando ao fim.

São duas estações tipicamente nova-iorquinas, cada qual com seus atrativos. E é no Central Park, projetado em 1858, que essas estações se mostram em cada detalhe.

Passado o verão às vezes sufocante, durante o qual o parque exerce na sua plenitude a função de espaço público, os dias começam a ficar mais curtos e os nova-iorquinos se prepararam para o rigoroso inverno.

Antes dele, porém, Nova York e o parque despedem-se do calor com temperaturas amenas e do contraste das cores outonais.

Não tarda e, com o fim do ano, chega o inverno. Os ventos sopram gelados, as folhas caem nas calçadas e nas trilhas, e o que antes dava brilho às árvores é rapidamente varrido até se completar o ciclo anual.

Começa aí o período que talvez seja o mais característico da cidade, que se decora em tons de vermelho, monta rinques de patinação e põe de pé imensas árvores de Natal para as datas festivas do final de ano.

Esse momento já passou e o inverno no hemisfério Norte chegará ao fim em março. Logo se percebe que os dias claros são mais traiçoeiros, com sol, tímido, orbitando baixo, nunca distante do horizonte. Ele não é páreo para a fúria dos ventos que deixam a temperatura negativa por dias -a sensação térmica pode ir a 20 negativos.

É nessa época que os habitantes enfrentam o que para os visitantes não acostumados é a difícil arte de manter a elegância sob camadas de roupas. Para muitos brasileiros -há oito voos diários partindo de São Paulo para Nova York-, a mudança de hemisfério e o radical choque térmico são argumentos para fazer as malas para aproveitar, no final de inverno, outra onda da Big Apple: a onda de liquidações.

Folha de São Paulo
Pedro Carrilho
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