A maior estrela do cinema atual nos EUA: ninguém

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As bilheterias da primavera e do verão americanos deste ano vêm sendo inclementes com astros e estrelas de muitos megawatts, como Denzel Washington, Julia Roberts, Eddie Murphy, John Travolta, Russell Crowe, Tom Hanks, Adam Sandler e Will Ferrell.

Não é de hoje que os astros do primeiro time são medidos por sua capacidade de lotar os cinemas no fim de semana de estreia de seus filmes. Mas nunca antes tantos deles deixaram de mostrar bom desempenho, o que tem levado os estúdios a fazer um raro exame de consciência, para entender por que a fórmula tradicional não está funcionando.

"Esses superastros não estão conseguindo atrair um público grande, e todo o mundo está procurando entender o porquê", disse Peter Guber, ex-presidente da Sony Pictures, hoje produtor. Segundo Guber, "mesmo Johnny Depp" -no drama "Inimigos Públicos"- "não teve resultados exatamente fenomenais".

Will Ferrell foi fracasso de bilheteria em "A Terra Perdida", comédia de US$ 100 milhões que vendeu apenas US$ 49 milhões em ingressos na América do Norte. Julia Roberts deixou de fazer sucesso com o thriller "Duplicidade", que custou US$ 60 milhões e vendeu apenas US$ 40,6 milhões. "Anjos e Demônios" (Tom Hanks) teve resultados medianos. O mesmo pode ser dito de "O Sequestro do Metrô" (Denzel Washington e John Travolta).

"Minha Filha É Um Sonho", com Eddie Murphy, foi um desastre tão grande que a Paramount Pictures foi obrigada a reduzir seu valor nominal. E Adam Sandler? Seu filme "Funny People" cambaleou até a saída e então desabou. A tendência gradual de redução do interesse por filmes com grandes nomes no verão americano já vem acontecendo há anos.

No início desta década, o verão ainda era dominado pelos nomes de peso: Tom Cruise ("Missão Impossível 2"), Russell Crowe ("Gladiador") e George Clooney ("Mar em Fúria") foram os três maiores em 2000. Mas os três maiores sucessos de bilheteria do verão americano atual, período crucial que se estende de 1º de maio até o Dia do Trabalho (nos EUA, a primeira segunda-feira de setembro) e que costuma ser responsável por 40% das vendas anuais de ingressos, foram "Transformers - A Vingança dos Derrotados", "Up - Altas Aventuras" e "Harry Potter e o Enigma do Príncipe" .

Os maiores nomes vinculados a esses filmes são Shia LaBoeuf, Ed Asner e Daniel Radcliffe. O motivo da queda no poder dos astros de atrair a atenção das bilheterias vem sendo tema de discussão em Hollywood. "Os astros e o sucesso como corolário disso são em grande medida um mito", disse S. Abraham Ravid, professor da Universidade Rutgers que estuda práticas da indústria cinematográfica.

Algumas das justificativas fundamentadas para a queda do "star power" vêm se tornando mais verdadeiras com o passar do tempo: é cada vez mais difícil tirar as pessoas de seus sofás, uma grande variedade de opções de entretenimento compete por seu tempo e sua atenção, e a internet e a cultura dos paparazzi torna mais difícil para os astros manter seu status de singular.

"Os astros e estrelas sempre serão importantes, mas a indústria do cinema está assistindo a uma transformação na capacidade deles de lançar filmes", disse em julho o presidente da Universal Pictures, Marc Shmuger. Como Hollywood está reagindo? Os estúdios, que após queda de 25% nas vendas de DVDs lutam para reduzir seus custos, não estão desistindo dos astros de primeira linha, mas tentam lhes pagar menos ou procurar alternativas mais baratas.

Muitos, porém, acham que um fenômeno novo está solapando o poder dos astros. A expansão de serviços como Twitter e Facebook dificulta os esforços dos estúdios para convencer os consumidores de que vale a pena gastar tempo indo ao cinema. "Você olha para a plateia do cinema e enxerga o brilho emitido pelos iPhones e BlackBerrys", disse Guber. "São as pessoas dizendo a seus amigos se o filme vale a pena. E a resposta, em muitos casos, parece ser 'não'."

Brooks Barnes
New York Times
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