Mundo das Armas - O Senhor das Armas

Há uma arma no mundo para cada 12 pessoas. A preocupação de Yuri Orlov (Nicolas Cage) no filme O Senhor das Armas é como ele pode armar as outras 11. É com essa objetividade que a personagem inicia o filme. Ele se questiona de modo pragmático sobre como pode ganhar dinheiro no melhor que sabe fazer, ou seja, vender armas.

O filme começa de uma forma diferente. Nos créditos iniciais, é mostrada a trajetória de uma bala, desde o início, na indústria, até ela ser transportada para outro local do mundo (no caso, a África) e logo depois chegar à arma de uma pessoa. A viagem da bala termina onde menos se espera, na cabeça de uma criança

Yuri foi ainda jovem para os EUA, junto com a família. Ele deixou a Ucrânia à procura de uma vida melhor. Seu grande sonho era se casar com a linda modelo Bridget Moynahan (Ava Fontaine), que aparecia nos outdoors da cidade, mas para isso necessitaria de dinheiro

Seus pais mantinham um restaurante, mas sua verdadeira habilidade era outra: armas. Essa mercadoria era vendida a qualquer um que pagasse o que era pedido, não interessava para quem, ou para que seriam usadas. Afinal, como ele diz várias vezes no filme, ele é apenas um representante do governo americano no ramo bélico. Se não vender, outros venderão


O filme é feito de frases de efeito. Como quando Yuri diz que não negocia mais com Osama Bin Laden, apenas porque os cheques dele voltavam. Quando ele é preso pelo agente da Interpol Jack Valentine (Ethan Hawke), narra tudo o que irá acontecer nos próximos minutos. Isso tudo olhando nos olhos do agente de forma debochada e irônica, dentro de uma sala de interrogatório. E claro, quem tem o poder sempre sabe as cartas que tem nas mangas

O escritor e diretor do longa, Andrew Niccol, culpa os americanos e seu estilo de vida supostamente perfeito pela ambição do protagonista em ter tudo, sem se preocupar com os meios e apenas pensando no fim. Ele critica o modo de vida americano, mostrando que não há diferença entre os mafiosos do Leste Europeu e dos EUA. Todos eles têm apenas um objetivo, ganhar dinheiro de qualquer forma.

Em outro momento surpreendente do filme, um ditador africano, cliente de Yuri Orlov, utiliza uma das armas do mostruário para matar um dos seus empregados a sangue frio, apenas por diversão. Nesse momento, Yuri reage abismado, incrédulo com o que viu, e diz de forma dura: “Agora esta arma está usada, não vou poder mais vendê-la. Você terá que comprá-la”.

O filme também mostra a ética dos sem-ética. Yuri Orlov tenta rejeitar cocaína como pagamento por um carregamento de armas para um traficante colombiano. Ele chega a explicar ao traficante que “apenas” vende armas, e que não quer se misturar com uma atividade tão suja quanto traficar drogas. Após levar um tiro do traficante, muda de idéia e aceita a droga.

Nesse momento, começa um segundo drama dentro do filme. O irmão de Yuri foge de seu alcance e só é achado dias depois, quase tendo uma overdose. A situação do irmão deixa explícita a linha tênue que há entre traficantes de drogas e usuários.

Assim como começa com uma frase de impacto, o filme termina dizendo que os únicos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU são os cinco maiores fabricantes de armas do planeta. Haveria interesse em haver paz no mundo?
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