Brasil deve ter meta climática antes de Copenhague

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O Brasil estuda anunciar sua meta global de redução de emissões de gases de efeito estufa antes da conferência de Copenhague. O governo corre agora para fechar o número a ser anunciado. Em Copenhague, deverão ser apresentadas as estimativas de potencial de corte por setor de economia --e o custo desses cortes.

A meta, a ser expressa na forma de um desvio em relação à tendência de crescimento de emissões do país até 2020, deve ser calculada com base em cenários apresentados anteontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. A maneira como isso será feito ainda é motivo de controvérsia.

Os dados de Minc sugerem um corte de 20% a 40% nas emissões, tomando como base um crescimento do PIB de 4% ao ano -faixa utilizada pelo Plano Decenal de Energia. Assumindo esse crescimento, o Brasil chegaria a 2020 emitindo 2,8 bilhões de toneladas de gás carbônico ao ano.

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) pediu que a equipe do Meio Ambiente refizesse a conta, assumindo um crescimento do PIB da ordem de 6% ao ano. A ideia é evitar que um compromisso de corte de emissões afete o crescimento econômico na próxima década.

Segundo Tasso Azevedo, consultor do Meio Ambiente, o reajuste empurraria as emissões para 3,3 bilhões de toneladas anuais em 2020. Suzana Kahn Ribeiro, secretária de Mudança Climática do MMA, disse que nesse cenário o Brasil teria duas opções: ou fazer um esforço menor de redução (mantendo o total de toneladas a serem cortadas, mas sobre uma base maior), ou manter os percentuais de redução e fazer um corte maior. As duas opções serão apresentadas a Dilma nesta semana. Na terça-feira que vem, os ministros devem apresentar a Lula a proposta final do governo.

"A declaração política será feita antes de Copenhague", disse a secretária, aludindo à possibilidade de o número ser apresentado no mês que vem em Barcelona, quando acontece a última rodada de negociações da Convenção do Clima das Nações Unidas antes de Copenhague. "Está acordado que apresentaremos um número X, mas o valor de X depende do presidente", continuou.

Segundo Luiz Alberto Figueiredo Machado, principal negociador de clima do Brasil, a questão ainda está sendo avaliada. "Buscaremos maximizar os impactos positivos para ajudar o processo negociador."

No momento, a negociação do acordo do clima está emperrada. A última rodada de conversas terminou na Tailândia na última sexta-feira com um impasse entre países ricos e pobres sobre metas de redução para os ricos e financiamento.

Claudio Angelo
editor de Ciência da Folha de S.Paulo
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