Investimento em jovens lidera pedidos

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Os Jogos-16 devem ser a fagulha a impulsionar a promoção do esporte de base, pedem desportistas, clubes formadores de atletas, confederações esportivas nacionais, federações estaduais e o Conselho Nacional de Educação Física.

""A educação física por si só não pode ser responsabilizada pela construção de uma base, mas passa por ela", argumenta Jorge Steinhilber, do Conselho Nacional de Educação Física. ""Formar a base é responsabilidade de clubes e federações. Mas sem um trabalho na educação física, o jovem nem olhará nessa direção", diz Steinhilber. ""É preciso um plano integrado entre os ministérios da Educação, Saúde e Esporte." O sentimento de Steinhilber encontra eco entre dirigentes.

""O ideal seria o ministério [do Esporte] fazer algo para atrair jovens [para o esporte], implantar o esporte na escola. Mas podemos procurar alternativas. De repente, a gente faz parcerias com prefeituras", argumenta o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, Roberto Gesta de Melo.

""Fazemos o possível para atingir o alto nível. Mas a base é pequena, tem de ser uma ação de governo, ter uma política nacional de esporte", reivindica José Antonio Martins, da Federação Paulista de Atletismo.

""É preciso investir forte na formação de atletas que competirão nos Jogos-16", argumenta a ginasta Jade Barbosa.

Membros do Conselho de Clubes Formadores de Atletas Olímpicos cobram o mesmo. ""Tenho visto grandes planos de investimento para estrutura física, mas não vi nenhum para preparação de atleta. Não podemos dar vexame", diz Sergio Bruno Coelho, presidente do Conselho de Clubes Formadores de Atletas Olímpicos.

A ideia de fazer algo nos moldes de Londres, que receberá os Jogos de 2012, de incrementar a educação física, chegou a ser discutida no ministério do Esporte, segundo a Folha apurou, mas não ganhou corpo.

A pasta alega que as iniciativas de fomento nas escolas têm de ser tratadas diretamente pelas prefeituras e pelos Estados.

""É preciso ter a conscientização. Em muitas escolas não há espaço para a prática do esporte, até por conta de quem deveria zelar por ele", diz Ricardo Leyser, secretário de alto rendimento do ministério. ""Tem enchente e há muita gente desalojada? Leva para o ginásio da escola. Não tem lugar para dar aula? Leva para o ginásio. É o que frequentemente ocorre."

A Olimpíada, para o governo federal, servirá de catalisador para série de ações que beneficiarão o esporte e que poderiam levar mais tempo, ou ser menos sofisticados caso o Rio não tivesse ganhado a disputa.

O ministério do Esporte aponta que o programa Segundo Tempo, que hoje beneficia cerca de 100 mil jovens em idade escolar no Rio, passará a contemplar todos os elegíveis (cerca de 1 milhão de crianças).

Um instituto gestor de centros de treinamento do país operará no Rio. A Agência Nacional Antidoping terá impulso. ""Isso ganhará velocidade agora", afirma Leyser.

Eduardo Ohata e José Eduardo Martins
Folha de São Paulo
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