Proposta na ONU sobre emissões é para valer, diz governo

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Os ministros Carlos Minc (Meio Ambiente) e Dilma Rousseff (Casa Civil) afirmaram ontem, ao participarem de diferentes eventos em Brasília e no Rio, que o Brasil assumirá um compromisso "firme" e "político sério" de redução das emissões de gases-estufa.

O governo federal, porém, ainda não divulgou qual proposta será levada à conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre mudanças climáticas em Copenhague, em dezembro. A ministra disse a definição depende de reuniões que ocorrerão nos próximos dias, entre elas, um encontro sábado marcado pelo presidente Lula no Palácio da Alvorada.

Na segunda-feira, Dilma afirmou que o país terá um "objetivo voluntário" de redução. Segundo Minc, a proposta brasileira será "como se fosse realmente uma meta". Ele confirmou que o percentual de redução das emissões ficará entre 38% e 42% e que os cortes vão ser definidos por setor.

"O que é objetivo firme com números definidos se não é uma meta? São como se fossem realmente metas", afirmou o ministro, após participar de um seminário sobre políticas públicas e mudanças climáticas, organizado pelo TCU (Tribunal de Contas da União).

A ministra, no Rio, tentou esclarecer: "Não estamos falando em meta. País em desenvolvimento não tem meta. O que temos é um compromisso voluntário de redução porque isso é uma questão política séria".

Segundo Dilma, o Brasil fará "um gesto político" que legitima o país como "nação comprometida com sustentabilidade". "Vamos dizer: "Ó, não temos meta porque não estamos na lista [de países desenvolvidos], mas vamos reduzir em tanto e gostaríamos que os senhores reduzissem também"."

"Sejam elas metas ou apenas um objetivo, isso é igualmente vinculante", afirmou a senadora e ex-ministra Marina Silva (PV-AC), também presente no seminário do TCU.

Lula, ao discursar em evento em São Paulo, citou a questão ambiental e repetiu cobranças aos países desenvolvidos.

"Como é que a gente vai discutir essa questão do clima com seriedade se a gente vai ter em Copenhague uma reunião e, pelo que eu estou sabendo, os grandes líderes não vão?", perguntou. "Na hora de assinar os protocolos, todo mundo assina qualquer coisa. Na hora de cumprir, pão, pão, queijo, queijo, ninguém quer abrir mão do seus hábitos e costumes."

O Planalto não confirma se Lula vai a Copenhague. Dilma vai chefiar a delegação brasileira. Entre os líderes mundiais, já confirmaram presença o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy. O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que só irá a Copenhague se sua presença for o "fiel da balança".

São Paulo
Um dia depois de elogiar o governo de São Paulo pelo lançamento de metas de redução de emissões, Dilma afirmou que a proposta do governador José Serra corresponde a apenas 10% do esforço da União.

"É interessante notar que vocês acham 24 milhões de toneladas de CO2 como muito significativo quando se trata de São Paulo, e não consideram a nossa redução de 20% de emissões significativa", disse. "É 10% da nossa redução de emissão."

Segundo a ministra, o governo proporá na ONU esforços para reduzir em 80% o desmatamento, o que, em suas contas, equivale a cortar 20% das emissões. "Representa 6,2 gigatoneladas [bilhões de toneladas] de emissão de CO2."

Folha de São Paulo
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