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A 15ª Conferência da Mudança do Clima da ONU (COP-15), que ocorre em Copenhague, termina nesta sexta-feira (18) sem acordo entre países ricos e emergentes. Líderes optarão por fazer apenas uma declaração política, segundo fontes ouvidas pela Folha.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que há dois dias tenta mediar com o francês Nicolas Sarkozy uma saída do impasse, declarou-se "frustrado" em sessão plenária com líderes mundiais, em discurso antes da declaração final. Na plateia estão Barack Obama, Gordon Brown, Wen Jiabao, Angela Merkel e outros.
Lula fez também uma oferta de doação para um fundo global de combate à mudança climática, como antecipado pela Folha na última quarta-feira.
O secretariado da ONU responsável pela convenção do clima estuda convocar um novo encontro no próximo semestre, uma espécie de COP-15 "bis". Esta, segundo fontes que tiveram acesso à proposta, deve acontecer fora das mãos da presidência dinamarquesa.
A avaliação geral no Bella Center, sede do evento, é que a Dinamarca foi um redundante fracasso, dizem delegações de países emergentes e europeus ouvidas pela Folha. A crise de confiança provocada pela apresentação abrupta de uma proposta unilateral logo no início da conferência é uma das principais razões para o naufrágio da cúpula.
A versão de declaração que circula pelo Bella Center, resultante de horas de reunião entre os principais líderes mundiais, não estabelece metas de corte de gases-estufa para 2020. Fala-se apenas em uma redução de 50% das emissões até 2050 e genericamente de um fundo de US$ 100 bilhões para o mesmo ano, sem dizer de onde vem o dinheiro nem como ele será usado.
Em discurso duro, feito de improviso e longamente aplaudido, Lula enumerou as ações do Brasil e disse que o país estaria disposto a contribuir para um fundo se isso salvar a conferência.
"Não sei, se não fizemos até agora, um anjo ou um sábio descerá e colocará na nossa cabeça a inteligência que faltou até agora", afirmou Lula. "Todos nós poderíamos oferecer um pouco mais se tivéssemos assumido boa vontade nos últimos tempos."
O presidente também ressaltou os esforços dos países emergentes. "No Brasil tem muitos pobres, na África tem muitos pobres, na China e na Índia tem muitos pobres."
Já o americano Barack Obama, que tomou seu lugar no púlpito, criticou os países que não aceitam se submeter à verificação de suas ações --crítica velada à China. Os países desenvolvidos usam esse argumento para justificarem sua inação.
Minutos antes, Lula havia reclamado da "intrusão nos países em desenvolvimento e países pobres".
Folha de São Paulo
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