Desde o dia 07 até o dia 18 de Dezembro de 2009, nações de todos os continentes, estão reunidas na cidade de Copenhague, Noruega, para discutir e tentar tecer acordos que darão rumo aos esforços de frear as mudanças climáticas do planeta.
Já nos primeiros dias observam-se burburinhos sobre conspiração entre os países ricos, apelos dramáticos por países fadados a serem engolidos pelos oceanos com o aumento do seu nível, conseqüência do degelo dos pólos, culpa do tal aquecimento global. O que eu agricultor tenho haver com isso? O aquecimento global existe mesmo? Pelo menos uma ala da própria ciência acha que é exagero conspirado por colegas cientistas dos estudos climáticos.
Contra fatos, não há argumento. O clima mudou e está afetando a agricultura brasileira. Através do desequilíbrio gerado pelo fenômeno de aquecimento, não só secas podem ser observadas em algumas regiões, como chuvas fora de época e com índices pluviométricos acima do normal tem causado prejuízos em cadeia aonde isto ocorre.
Exemplos disso são as secas no Rio Grande do Sul, que vêm se tornando cada vez mais freqüentes e prolongadas. As chuvas na região de Petrolina-PE e Juazeiro-BA, têm chegado em épocas inusitadas. Esta região banhada pelo rio São Francisco, é conhecida mundialmente como grande produtora de uvas finas e manga para exportação, sendo que este lugar sempre foi favorecido pelo elevado número de horas de sol por ano, o que facilita a produção tecnificada, através da irrigação, constituindo-se uma verdadeira agricultura de precisão, visando um período estratégico de colheita para uma curta janela de exportação. Há alguns anos esse desequilíbrio pluviométrico vem causando prejuízos de milhões de dólares, pela perda da produção agrícola de frutas, sensíveis a quantidades excessivas de chuva. Isto promove um efeito dominó, desempregando centenas de trabalhadores rurais. Portanto, as mudanças climáticas, mais do que comprovadamente representam também um problema social.
Para que esses fenômenos nocivos sejam minimizados, um dos objetivos principais é a redução das emissões de CO2 (Dióxido de Carbono – Gás poluente que provoca o efeito estufa) de forma conjunta por pelo menos quase todos os países do mundo. Para o governo brasileiro, a cota de redução das emissões de CO2 para o setor agropecuário brasileiro gira em torno de 4,9 a 6,1% e segundo o ministro da agricultura deste governo, Reinholds Stephanes, as metas serão cumpridas com a intensificação de técnicas que já são usadas no país há anos. "O que a agricultura vai fazer não é tecnologia de prateleira. São vários exemplos de tecnologias já altamente testadas e que podem, agora, ser colocadas em prática numa dimensão maior", afirmou o ministro, após participar de uma reunião no Ministério da Agricultura. Dentre estas técnicas a que o ministro se referiu, são citados a recuperação de pastos, integração lavoura-pecuária, plantio direto e fixação biológica de nitrogênio, através da adubação verde – (Leia sobre o assunto aqui).
A expectativa para que acordos históricos que determinarão a sobrevivência da raça humana sejam assinados em Compenhague, mas a aplicação das técnicas que já são abertamente declaradas benéficas contra o aquecimento global, depende da consciência e boa vontade dos produtores rurais em aplicá-las. Paralelo a isso, o governo Lula, já afirma que linhas de financiamento que privilegiem os agricultores que adotarem estas técnicas, os recursos sejam ampliadas e oferecidos em maior número.
Hawston Pedrosa Engenheiro Agrônomo e responsável técnico da Sanvale Gestão Ambiental – www.sanvale.com | hawston@sanvale.com
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