Com os peixes machos assumindo a responsabilidade da "gestação" de sua cria, a história da reprodução do peixe-cachimbo está entre as mais reconfortantes da biologia. Bom, estava. Um novo estudo mostra que os pais "grávidos" na verdade sugam a vida de alguns embriões.
Depois da concepção, o peixe-cachimbo fêmea transfere cerca de uma centena de óvulos fecundados ao macho. O pai carrega e - através de vasos sanguíneos especializados - nutre os óvulos em uma pequena bolsa até que os peixinhos nasçam totalmente funcionais.
Até aí, tudo bem. Mas os pesquisadores que estudaram o marinha-focinho-grosso, uma variedade do peixe, recentemente notaram que alguns ou todos os embriões tendem a desaparecer completamente sob os cuidados do pai. A coautora do estudo Gry Sagebakken e colegas pensaram que os embriões em desenvolvimento estavam provavelmente roubando os nutrientes uns dos outros.
Por outro lado, "suspeitávamos que a absorção de nutrientes paternal era uma opção, mas não foi nossa primeira hipótese", Sagebakken, doutoranda em ecologia animal da Universidade de Gotemburgo, Suécia, disse à National Geographic News.
Para desvendar o mistério, a equipe colocou marcadores radioativos nos nutrientes dos óvulos antes de serem transferidos ao pai. Os pesquisadores esperavam que alguns nutrientes fossem parar em outros embriões. Ao invés disso, os nutrientes desaparecidos dos embriões foram parar dentro do pai.
O pai, ao que parece, usa os vasos sanguíneos de sua bolsa não apenas para fornecer nutrientes, mas também para desviá-los, sem redistribuí-los aos embriões mais necessitados, porque nenhum dos nutrientes viajantes foi parar nos embriões irmãos.
Sagebakken suspeita que quando os pais não conseguem alimento suficiente para nutrir toda a cria, eles sacrificam alguns embriões para que o resto sobreviva. Ela está planejando um estudo complementar para descobrir se pais desnutridos sugam mais nutrientes de sua cria. A resposta deve determinar se os pais estão apenas quebrando alguns ovos para fazer omeletes - ou se eles são os vampiros do oceano.
National Geographic
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