Comitê propõe que Nasa privatize voo espacial tripulado

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Quarenta anos depois da conquista da Lua pela Nasa, um painel de especialistas diz que a agência espacial americana não tem verba para seu programa de voos tripulados e que deveria deixar a iniciativa privada operá-los em concessão.

O comitê independente foi formado em maio, a pedido do presidente Barack Obama, para revisar a estratégia dos EUA no espaço. Um relatório completo com suas conclusões deve ser fechado neste mês, mas anteontem o grupo entregou à Casa Branca um resumo dele. A principal conclusão do painel é que o programa espacial está numa "trajetória insustentável" e "perpetuando a perigosa prática de perseguir objetivos que não casam com os recursos alocados". A referência é ao programa Constellation, herança da administração Bush, que planeja levar astronautas de volta à Lua em 2020 e de lá para Marte antes do meio do século.

Para prosseguir com o programa, a Nasa precisaria de US$ 21 bilhões por ano, US$ 3 bilhões anuais a mais do que seu orçamento atual, nos próximos dez anos. Sem a verba adicional, e mantidos os planos de Bush, o primeiro voo tripulado do novo foguete Ares-1 só aconteceria em 2017, deixando os EUA por sete anos sem meios próprios de ir ao espaço (o ônibus espacial deveria ser aposentado no ano que vem). Além disso, o módulo lunar Altair e o foguete de carga Ares-5, partes do Constellation, não poderiam ser feitos. "Com o orçamento proposto [atual], a exploração além da Terra não é viável", disse Edward Crawley, professor de astronáutica do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e membro do comitê.

Em julho, o presidente foi pressionado de forma nada sutil a apoiar o programa tripulado por Buzz Aldrin, piloto da Apollo-11 e segundo homem a pisar a superfície lunar. Não prometeu nada, e seu porta-voz disse a jornalistas na ocasião que o presidente preferia esperar as conclusões do painel.

Correio aéreo
Uma maneira de baratear a exploração humana do espaço, concluem os especialistas, é fazer o que os americanos fazem de melhor: entregá-la à iniciativa privada. "Os Estados Unidos precisam de uma maneira de lançar astronautas em órbitas baixas, mas isso não precisa necessariamente ser fornecido pelo governo", diz o relatório. "À medida que passamos do complexo ônibus espacial para uma cápsula menor e mais simples, é hora de considerar entregar esse serviço de transportes ao setor privado."

O modelo para isso, prossegue, seria o de concessões, como as que o governo americano estabeleceu na década de 1920 para criar o correio aéreo nacional. Da mesma maneira como isso levou ao desenvolvimento de linhas aéreas, uma política de privatização do espaço -para serviços como o transporte de carga e passageiros para a ISS (Estação Espacial Internacional)- aumentaria a quantidade de lançamentos e baixaria os custos. Outra vantagem de um esquema semelhante, aponta o relatório, seria liberar a Nasa para desenvolver tecnologias de ponta, como as que permitiriam a exploração além da órbita próxima à da Terra, único local explorado por seres humanos desde o programa Apollo.

O comitê sugere ainda que Obama prolongue a vida da ISS. Sua desativação, prevista para 2015 (cinco anos após o fim de sua construção), "prejudicaria de forma significativa a capacidade americana de desenvolver e liderar futuras parcerias em voos espaciais".

Folha de São Paulo
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