Condomínio é exemplo no descarte de resíduos

Ecoturismo & Sustentabilidade

O edifício Prince of Krongberg, no bairro de Moema, em São Paulo, dá lição de como separar o lixo sólido, que segue limpo e seco para a cooperativa Planeta Verde e, em seguida, para a indústria de reciclagem. A ideia nasceu na empresa Recicleiros e, hoje, é desenvolvida e administrada pela Ambon Projetos Ambientais.

Quando os funcionários Marcos Soares e Elivandro da Silva batem à porta dos 45 apartamentos do Edifício Prince of Krongberg, no bairro de Moema, em São Paulo, os moradores e as empregadas domésticas já sabem: são duas horas da tarde e está na hora do recolhimento do lixo. Em um saco preto, vão os resíduos não-recicláveis, que são levados pela prefeitura a um aterro sanitário. O saco verde, reaproveitável, reúne o material sólido – limpo e seco – que será transportado pelos dois funcionários até a Central de Resíduos, que fica na garagem, no subsolo do prédio (acompanhe o passo a passo da coleta na galeria de imagens acima).

Para aumentar a comodidade dos condôminos, quem tem lixo para ser coletado já deixa na porta da área de serviço, do lado de fora, um sinalizador que contém as palavras “Coleta de Resíduos”, ao estilo “Não Perturbe” dos hotéis. É apenas nesses apartamentos que Marcos e Elivandro tocam a campainha. Eles contam que, com o sistema de separação de lixo entre úmido e seco, os 18 a 20 sacos pretos que eles recolhiam por dia na coleta convencional foram reduzidos para 4 a 6.

Enquanto os funcionários não chegam, cada morador armazena o lixo reciclável em sua Rebag, uma sacola verde reutilizável que fica firme no chão ou pode ser pendurada em uma maçaneta, serve de estímulo para que os usuários descartem o material já limpo – caso contrário terão de lavar a própria Rebag – e economiza a quantidade de sacos plásticos utilizados como lixo.

Quem perde o horário da coleta feita por Marcos e Elivandro deve levar sua Rebag até a garagem e descartar o lixo nos compartimentos corretos. A vantagem é que a Central de Resíduos do edifício não tem as conhecidas quatro lixeiras coloridas e que separam o lixo em papel, plástico, vidro e metal. O container feito de tubos de pasta de dente reciclados recebe todos os resíduos sólidos limpos e secos, que correspondem a, mais ou menos, 70% de todo o volume descartado por cada apartamento.

Materiais como vidro quebrado, lâmpadas fluorescentes ou incandescentes, pilhas usadas e óleo sujo de cozinha têm seu próprio espaço para descarte, já que demandam cuidados especiais que, se não forem seguidos, podem gerar acidentes de trabalho e contaminação do meio ambiente.

Até jornais e revistas são devidamente empilhados em seus compartimentos, facilitando a vida do pessoal da cooperativa, que já pode colocá-los direitamente na prensa para serem compactados. As caixas de papelão ficam presas à parede e, antes mesmo de serem recolhidas, várias delas são reaproveitadas por outros moradores.

Aliás, de vez em quando, a Central de Resíduos faz as vezes de ponto de troca. Uma almofada descartada por um morador pode servir a outro, assim como restos de tinta, um velotrol, roupas usadas, cabos e o que mais aparecer por ali.

Não há qualquer odor na garagem do condomínio, graças à orientação passada aos moradores de lavarem tudo o que vai para o lixo. O mais interessante é que a conta de água do condomínio não aumentou.

Esse sistema de separação que nasceu na empresa Recicleiros e, hoje, é desenvolvido e administrado pela Ambon Projetos Ambientais, foi ensinado aos moradores, empregadas domésticas e funcionários do edifício por meio de um treinamento específico. Na primeira semana de funcionamento, a Central de Resíduos lotou rapidamente. O que muita gente guardava em casa havia um bom tempo e não sabia como jogar fora, ganhou, finalmente, um destino ambientalmente adequado. Hoje, tem quem traga lixo do escritório para descartar ali.

Foram necessários cerca de três meses até que tudo funcionasse corretamente e o condomínio não deu opção aos moradores: a adesão à prática é obrigatória e está sujeita a multa. A comunicação visual na própria Central de Resíduos e na filipeta afixada à geladeira não deixa ninguém se esquecer do compromisso assumido. O objetivo é evitar que o máximo possível de resíduos vá parar num aterro sanitário.

Uma pick-up da Ambon vai de duas a três vezes por semana ao edifício retirar o lixo reciclável. Vão as sacolas verdes cheias e ficam outras vazias. Elas são levadas até a cooperativa Planeta Verde, onde Félix e mais duas funcionárias fazem a triagem do resíduo e vendem para terceiros ou para as indústrias de reciclagem.

Observando o que chega à cooperativa, é possível obter muitas estatísticas sobre o tipo de produto que é descartado e conhecer os resíduos para os quais ainda não foram disseminadas soluções de reciclagem – como as embalagens de salgadinho ou a madeira. É essa observação atenta que possibilita a criação de novas ideias capazes de dar um destino melhor do que o aterro ou o lixão para os resíduos sólidos.

Enquanto as tecnologias não surgem, Félix vai usando sua criatividade para reaproveitar o lixo eletrônico, remontando computadores que devem ser repassados a preços simbólicos para jovens do local onde vive com a família. Houve um tempo em que ele e a mulher também faziam tapetes com os restos de tecido que vinham com o lixo. E no dia em que visitamos a cooperativa, ele pintava algumas garrafas de champanhe que poderão ser vendidas como vasos de flores em algum bazar da comunidade.

No entanto, os aterros estão cada vez mais superlotados e a Planeta Verde, como a maior parte das cooperativas, sofre com a falta de material para trabalhar e com os baixos preços dos resíduos. Félix tira entre 500 e 600 reais por mês para sustentar sua família de 4 pessoas. As duas funcionárias que trabalham com ele ganham 400 cada uma.

A intenção da Ambon é expandir esse sistema de separação de resíduos para outros condomínios, de modo que as cooperativas recebam material de qualidade e fácil de ser triado. A empresa também vai estabelecer parcerias e conseguir patrocínios para capacitar a Planeta Verde e outras cooperativas a desenvolverem seu próprio sistema de coleta. O próximo passo, será entrar em contato com as grandes empresas, que deveriam ser responsáveis pelas embalagens que produzem, para que fechem a cadeia produtiva por meio da logística reversa.

Hoje, a Prefeitura de São Paulo gasta cerca de 100 reais por tonelada de material coletado. Se todos os edifícios fizessem a separação do lixo como o Prince of Krongberg, os custos da coleta seletiva municipal seriam reduzidos em 60%. Os caminhões da EcoUrbs, que recolhem lixo reciclável em alguns bairros da cidade de São Paulo, têm o grande problema de compactar todo o material sólido junto, além de não haver nenhum trabalho de conscientização da população, que ainda não aprendeu a separar o lixo e, muito menos, a deixá-lo limpo.

Todo o processo é certificado pela Ambon por meio do selo Pegada Verde, que dá chancela de reciclagem, redução de descartáveis, conscientização, uso racional de água e energia e neutralização de carbono. Mensalmente, o sistema passa por verificação e acompanhamento, condição fundamental para a manutenção do selo.

Quando os funcionários Marcos Soares e Elivandro da Silva batem à porta dos 45 apartamentos do Edifício Prince of Krongberg, no bairro de Moema, em São Paulo, os moradores e as empregadas domésticas já sabem: são duas horas da tarde e está na hora do recolhimento do lixo. Em um saco preto, vão os resíduos não-recicláveis, que são levados pela prefeitura a um aterro sanitário. O saco verde, reaproveitável, reúne o material sólido – limpo e seco – que será transportado pelos dois funcionários até a Central de Resíduos, que fica na garagem, no subsolo do prédio (acompanhe o passo a passo da coleta na galeria de imagens acima).

Para aumentar a comodidade dos condôminos, quem tem lixo para ser coletado já deixa na porta da área de serviço, do lado de fora, um sinalizador que contém as palavras “Coleta de Resíduos”, ao estilo “Não Perturbe” dos hotéis. É apenas nesses apartamentos que Marcos e Elivandro tocam a campainha. Eles contam que, com o sistema de separação de lixo entre úmido e seco, os 18 a 20 sacos pretos que eles recolhiam por dia na coleta convencional foram reduzidos para 4 a 6.

Enquanto os funcionários não chegam, cada morador armazena o lixo reciclável em sua Rebag, uma sacola verde reutilizável que fica firme no chão ou pode ser pendurada em uma maçaneta, serve de estímulo para que os usuários descartem o material já limpo – caso contrário terão de lavar a própria Rebag – e economiza a quantidade de sacos plásticos utilizados como lixo.
Quem perde o horário da coleta feita por Marcos e Elivandro deve levar sua Rebag até a garagem e descartar o lixo nos compartimentos corretos. A vantagem é que a Central de Resíduos do edifício não tem as conhecidas quatro lixeiras coloridas e que separam o lixo em papel, plástico, vidro e metal. O container feito de tubos de pasta de dente reciclados recebe todos os resíduos sólidos limpos e secos, que correspondem a, mais ou menos, 70% de todo o volume descartado por cada apartamento.

Materiais como vidro quebrado, lâmpadas fluorescentes ou incandescentes, pilhas usadas e óleo sujo de cozinha têm seu próprio espaço para descarte, já que demandam cuidados especiais que, se não forem seguidos, podem gerar acidentes de trabalho e contaminação do meio ambiente.

Até jornais e revistas são devidamente empilhados em seus compartimentos, facilitando a vida do pessoal da cooperativa, que já pode colocá-los direitamente na prensa para serem compactados. As caixas de papelão ficam presas à parede e, antes mesmo de serem recolhidas, várias delas são reaproveitadas por outros moradores.

Aliás, de vez em quando, a Central de Resíduos faz as vezes de ponto de troca. Uma almofada descartada por um morador pode servir a outro, assim como restos de tinta, um velotrol, roupas usadas, cabos e o que mais aparecer por ali.

Não há qualquer odor na garagem do condomínio, graças à orientação passada aos moradores de lavarem tudo o que vai para o lixo. O mais interessante é que a conta de água do condomínio não aumentou.

Esse sistema de separação que nasceu na empresa Recicleiros e, hoje, é desenvolvido e administrado pela Ambon Projetos Ambientais, foi ensinado aos moradores, empregadas domésticas e funcionários do edifício por meio de um treinamento específico. Na primeira semana de funcionamento, a Central de Resíduos lotou rapidamente. O que muita gente guardava em casa havia um bom tempo e não sabia como jogar fora, ganhou, finalmente, um destino ambientalmente adequado.
Mônica Nunes
Planeta Sustentável

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