Em MT, criadores aproveitam couro de peixe amazônico

Ecoturismo & Sustentabilidade

Criadores de peixe da região de Sinop, em Mato Grosso, usam a criatividade para aproveitar o que antes ia para o lixo. O couro dos animais agora é garantia de renda para as famílias.


Mauro e Rosane Dall'Agnol trabalham com piscicultura em Sinop, no norte de Mato Grosso. O principal peixe criado nos tanques é o tambaqui. Mauro explica que o custo de produção é alto. Por isso, é preciso buscar alternativas para permanecer na atividade. Uma delas é aproveitar o couro do peixe. A experiência começou a partir da necessidade.

"Surgiu de um problema que a gente tinha. O couro vinha se acumulando. Ele ficava entrando em decomposição. Então, surgiu a ideia. Fomos pesquisar e encontramos para curtir", conta Mauro.

Hoje só são jogados fora a espinha e as escamas do peixe. Uma pequena indústria artesanal foi montada com a ajuda do artesão Ernesto Kuhr. Ele já trabalhou com o curtimento de couro de outros animais. O seu Ernesto contou que adaptar a técnica ao tambaqui foi um desafio por causa das escamas.

"O tambaqui tem as escamas bastante encravada. Então, o produto no fulão não extrai a escama totalmente. Então, algumas partes têm de ser raspadas na mão", explica Kuhr.

O fulão é um tanque de alumínio onde as peles são colocadas. Kuhr aponta que são usados cerca de 13 produtos no processo. Até terminar de curtir, o couro fica quase uma semana de molho. Uma a uma, as peles coloridas são colocadas para secar. Depois, passam por mais três processos manuais: são lixadas, amaciadas e passadas a ferro quente.

O couro, que antes era jogado fora, tornou-se mais rentável do que o próprio peixe. O quilo de tambaqui custa hoje em torno de R$ 6,00. Um pedacinho de couro chega a ser vendido para a indústria por R$ 8,00.

Com criatividade é possível ganhar ainda mais: os pedaços de couro costurados se transformam em peças sofisticadas como bolsas, calçados e até artigos de decoração.

A mão de obra é da costureira Teresinha Marcansoni, que ganhou um novo emprego. "Eu sabia costurar, mas eu não exercia a profissão de costureira", disse.

Todas as peças são criadas pela empresária Rosani Dall'Agnol, que já faz planos para a nova atividade. "Desde o início a ideia é criar uma marca, criar uma grande indústria", falou.
Do Globo Amazônia, com informações do Globo Rural
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