Minc detalha plano de corte e considera Brasil "ponte" entre países ricos e pobres

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O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) vai apresentar na próxima terça-feira (3) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um plano que prevê um corte de 40% nas emissões de gases do país até 2020. Essa seria uma das metas para o governo lançar durante a Conferência do Clima da ONU (Organização das Nações Unidas) em Copenhague, em dezembro.

Para alcançar esse índice seria preciso o país reduzir 20% das emissões do desmatamento na Amazônia, 10% com o desmatamento do cerrado brasileiro, 3% nas cidades --seguindo modelo adotado pelo governo de São Paulo para o setor energético-- e outros 7%, adotando recomendações da Embrapa.

A Embrapa recomendou três medidas: combinar lavoura e pecuária numa mesma área de 11 milhões de hectares --o que reduziria 81 milhões de toneladas de gás carbônico--; recuperar 10% das áreas degradadas (o que resultaria em 11 milhões de hectares); e o plantio direto na palha para evitar remexer na terra e usar defensivos agrícolas, o que cortaria a emissão de 24 milhões de toneladas de carbono.

Segundo Minc, essa nova meta é mais avançada do que a que vinha sendo discutida no governo e estabelecia que fosse programado para 2020 o mesmo nível de 2005, quando foram emitidos 2,2 bilhões de toneladas do gás. Se o mesmo ritmo fosse seguido, daqui a 11 anos a emissão seria de 2,8 bilhões de toneladas.

Brasil é "ponte"
Outra meta do governo para Copenhague foi a redução de 80% no desmatamento até 2020. Minc saiu em defesa do plano e rebateu as críticas de ambientalistas ao governo.

"São metas ousadas. O Brasil, enquanto a índia está dizendo que vai triplicar suas emissões e a China dobrar suas emissões, oferece reduzir 40% de suas emissões até 2020. O Brasil, portanto, tem uma meta ousada e pode servir de ponte entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento na conferência do clima", disse.

O ministro mostrou resistência quando ao sucesso da conferência da ONU. "A ameaça de fracasso de Copenhague é real. Principalmente porque os países ricos não dizem quais são as suas metas de cortes de emissões", afirmou.

Márcio Falcão
Folha Online, em Brasília
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