Brasil pode não registrar meta de redução se países ricos não assinarem acordo

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O porta-voz da Presidência da República, Marcelo Baumbach, disse nesta terça-feira (24) que o Brasil pode não incluir sua meta de redução de emissão de CO2 no documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, caso os países desenvolvidos não assinem um acordo global sobre o tema, não se comprometam com metas semelhantes e com o financiamento das iniciativas dos países em desenvolvimento. A reunião será realizada no mês que vem em Copenhague, na Dinamarca.

Questionado sobre a possibilidade do Brasil voltar atrás do seus compromissos internos de redução da emissão de CO2 entre 36,1% até 38,9% em relação à trajetória de emissões até 2020, Baumbach disse: “Seria muito prematuro afirmar isso peremptoriamente. O que posso dizer é que uma coisa está ligada a outra. É uma negociação, o Brasil vai levar isso pra Copenhague, mas o que vai para o papel ou não vai depender das negociações”, disse porta-voz.

Segundo ele, todas as metas divulgadas pelo governo brasileiro até agora representam um compromisso interno e que para serem atingidas elas dependem do financiamento internacional.

“O Brasil vai levar objetivos voluntários. O Brasil coloca a si próprio a intenção de cumprir esses objetivos, mas não está claro ainda se o Brasil vai registrar esse compromisso em Copenhage, porque tudo depende das negociações e vai depender do conjunto de compromissos assumidos pelos outros países e dos compromissos financeiros, porque o Brasil para cumprir esses compromissos vai precisar de financiamento externo”, explicou.

Baumbach disse que na reunião entre os presidentes dos países amazônicos (Brasil, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru, Equador, Guiana e Suriname) e a França o presidente Luiz Inácio Lula da Silva espera que surjam propostas ambiciosas.

“ O Brasil considera essencial que a região amazônica participe da conferência de modo cooperativo e convergente com vistas a assegurar tratamento adequado aos seus interesses comuns. Nesse sentido o presidente espera que os grupos dos países amazônicos e a França possam apresentar mensagem ambiciosa sobre os temas de maior relevância para a região”, comentou.

Segundo ele, os países desenvolvidos, responsáveis por quase 80% da concentração atual de CO2 na atmosfera, devem “assumir compromissos ambiciosos”. “O resultado de Copenhage precisa incluir pacote financeiro e tecnológico substancial de apoio ao conjunto das ações dos países em desenvolvimento já que a ajuda financeira nesse âmbito é obrigação dos países desenvolvidos decorrente dos instrumentos internacionais”, disse.

Folha de São Paulo
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