Ecoturismo & Sustentabilidade
Feito diz o tango: que falta de respeito, que atropelo à razão! Essa turma, que é do contra e se acha ilustrada, está caindo de lenha no nosso querido aquecimento climático.
Fazem troça, trocam chistes, citam isso e aquilo outro, tudo para "provar" que a catástrofe inevitável a que, mais ano menos ano, estamos fadados, virá inevitavelmente.
Garantem que esses Quiotos e Copenhagues da vida não passam de grosseira empulhação resultantes de uma insólita ignorância científica.
Eu fiquei sabendo dessas coisas através de uma revista conservadora (no sentido político), ou melhor, dizendo logo, de direita, a tradicional "The Spectator", em artigo de um supostamente prestigiado colunista, James Delingpole.
O distinto argumenta que o que ele chama de Climategate (referência "jocosa" a Watergate), é um verdadeiro escândalo.
Só porque Delingpole escreve com estilo e é bem informado, em um artigo de página da publicação, enumera fatos e feitos desrespeitosos para com as atitudes e providências ambientalistas.
James Delingpole manda brasa: vai logo chamando, no primeiro parágrafo, de "o maior escândalo científico na história do mundo".
Orgulhoso, bate no peito e diz que foi ele quem batizou o esquema de Climategate e que, de cara, foi logo recebendo 30 milhões de hits no Google.
O erudito articulista prossegue enumerando outros que tentaram batizar a "criança climática": Mark Steyn, com Warmergate, no seu entender, o melhorzinho de todos.
Passa então ao que ele entende por fatos da triste história climática. Conta como dois canadenses (canadenses! Vejam vocês!), Steve McIntyre e Ross McKitrick, "the twoMcs", um especialista em estatística e outro economista, brilhantes ambos, fizeram todo o trabalho de campo destrinchando a barafundosa complicação reinante na história ambiental que vamos, por enquanto, já que Deus e os ursos polares são grandes, vivendo.
Delingpole é pródigo em botar azeitona nessas empadinhas canadenses. Afirma que, um dia, serão aclamados como a mais heroica e importante dupla científica de nossa época.
E por quê? Porque se não fosse pelos dois --sempre me referenciando pelo articulista da intelectualizada revista de direita-- a Humanidade estaria agora prestes a morrer (uso o verbo com propriedade) em perto de US$ 45 trilhões em um projeto suposta e absolutamente sem o menor sentido. US$ 45 trilhões é o cálculo feito pela Agência Energética Internacional para o quanto sairia para nós todos lidar com a "suposta" (a direita é quem assim a chama) ameaça do aquecimento global antropogênico, ou, em inglês, a AGW.
James Delingpole aponta para o fato de que muitos de nós já devemos estar familiarizados com os dois canadenses, uma vez que foram eles que revelaram o fato de que o lamentável gráfico de Michael Mann (não o diretor de cinema, mas sim o climatologista americano), não passava de uma pífia mistificação em formato de taco de hóquei demonstrando o que é --e os céticos se riem segurando a pança-- e como funciona o "aquecimento global" (aspas lá deles, da direita).
O gráfico em questão está por trás do IPCC, ou Intergovernmental Panel on Climate Change, ou Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, em tradução escrava.
A dinâmica dupla canadense teria assim --eu disse, te-ri-a-- demonstrado que a mais que complexa questão era essencialmente política e não científica e que os modelos de computadores empregados nos cálculos prevendo o AGW (aquecimento global antropogênico, relembro) na melhor das hipóteses não mereciam a menor confiança.
Depois de citar vários camaradinhas de gabarito, James Delingpole relembra que os tais US$ 45 trilhões, esses sim, ameaçariam a humanidade. Ao menos em seu bolso, ou seja, em sua economia global.
É por essas e por outras que minha primeira resolução de Ano Novo será a de evitar ao máximo revistas abalizadas de direita. Abrirei apenas as de esquerda. Aquelas que ainda discutem o famoso (que fim levou?) "buraco na camada de ozônio". Desabalizadas ou não, mas confirmando minha firma crença de que --e volto ao tango com que iniciei esta peroração-- o mundo sempre foi e sempre será uma porcaria.
Folha de São Paulo
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