Negociadores correm contra o tempo em Copenhague

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Faltam apenas três dias para o encerramento da 15ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima (COP-15). No presente momento, os negociadores de 192 países correm contra o relógio para chegar a um acordo, depois de um começo de semana tenso que levou até à suspensão temporária da reunião.

Consultas informais entre os ministros que chefiam as delegações vão tentar destravar as negociações tanto para um acordo que inclua os Estados Unidos quanto para uma espécie de extensão do Protocolo de Kyoto (assinado em 1997, e que expira em 2012). Na quarta-feira, 16 de dezembro, os ministros darão espaço aos chefes de Estado que começam a chegar ainda nesta terça-feira, 15, em Copenhague. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já embarcou com destino à Dinamarca.

De acordo com a assessoria da Presidência da República, nos dias em que estiver na Dinamarca, Lula deverá ter pelo menos duas reuniões já confirmadas, mas ainda sem datas definidas. Uma será com o grupo de países de compõem o Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (Ibas) e a China. Outra reunião já acertada é com o presidente da França, Nicolas Sarkozy.

Impasses
Na segunda-feira, 14, representantes de delegações africanas abandonaram as sessões de negociação, o que levou à suspensão temporária (cerca de cinco horas) da reunião. Insatisfeitos, representantes do grupo G77 exigiam que as negociações não se concentrassem, exclusivamente, em um novo acordo, mas sim em uma extensão do Protocolo de Kyoto.

Alguns países em desenvolvimento temem que ao abandonar o tratado com peso de lei internacional firmado em Kyoto, os países industrializados driblem compromissos já assumidos, como a redução de emissões de gases que provocam o efeito estufa em 5,2%, em relação a 1990, até 2012 - e ao mesmo tempo queiram cobrar mais dos países emergentes. Do ponto de vista dos países industrializados, existe o medo de assumir novos compromissos sob Kyoto que possam pesar na economia, enquanto os Estados Unidos (que não ratificaram o protocolo vigente) escapariam mais uma vez.

Fundo
Presente na COP-15, a senadora Marina Silva (PV-AC) voltou a defender que o Brasil contribua para um futuro fundo climático internacional. Desta vez, ela especificou o quanto acredita que o país poderia destinar a ele: "O Brasil, que já emprestou recursos ao FMI, pode entrar com US$ 1 bilhão. Pode ser mais, eu não vou ficar triste com isso."

Em resposta, a ministra da Casa Civil e chefe da delegação brasileira em Copenhague, Dilma Roussef, afirmou que uma contribuição de US$ 1 bilhão do Brasil para um fundo internacional climático "não faz nem cosquinha". Ela acrescentou que os valores cogitados estão em torno de US$120 bilhões, US$ 150 bilhões. "Tem valores de US$ 500 bilhões (sobre a mesa de negociações)", informou Dilma.

"A gente não pode só fazer gesto. O que a gente tem que fazer são medidas reais, concretas, comprometidas", completou. Marina Silva e Dilma Roussef têm sido cotadas para disputarem a Presidência da República nas eleições de outubro de 2010, mas o anúncio oficial das possíveis candidaturas ainda não foi feito oficialmente.

COP-15
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, de 7 a 18 de dezembro, que abrange 192 países, vai se reunir em Copenhague, na Dinamarca, para a 15ª Conferência das Partes sobre o Clima, a COP-15. O objetivo é traçar um acordo global para definir o que será feito para reduzir as emissões de gases de efeito estufa após 2012, quando termina o primeiro período de compromisso do Protocolo de Kyoto.

Com informações da BBC Brasil
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