Presidente da conferência de Copenhague admite "muitos obstáculos" nas negociações

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A presidente da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15), a dinamarquesa Connie Hedegaard, admitiu nesta terça-feira (15) que "ainda há muitos obstáculos" nas negociações, que têm o objetivo de determinar um novo acordo para a redução de emissões poluentes.

Depois que as negociações foram interrompidas pelo bloco africano ontem, que se mostrou insatisfeito sobre a atitude dos países ricos, Hedegaard disse que as próximas 48 horas "serão críticas" para que a reunião de Copenhague "tenha êxito".

O secretário-executivo da cúpula, Yvo de Boer, reconheceu que "leva tempo" colocar de acordo 192 países, que incluem ilhas do Pacífico "que podem desaparecer se o nível do mar subir", produtores petrolíferos "que temem por sua economia", nações ricas "que não querem perder emprego" e emergentes "que querem erradicar a pobreza".

Hedegaard rebateu as críticas feitas por alguns países em desenvolvimento que acusaram a Presidência de fomentar processos de discussão "antidemocráticos" e "pouco transparentes", por dirigir as negociações com um grupo de 50 ministros do Meio Ambiente.

Insistiu em que os ministros, reunidos em Copenhague desde o fim de semana, são um "grupo representativo" do conjunto das 192 delegações, incluído os países não-alinhados, as ilhas do Pacífico e o grupo das nações menos desenvolvidas.

Hedegaard disse também que os dois grupos de trabalho da cúpula têm até a noite de hoje para redigir minutas de acordo, que serão debatidas na sessão plenária de amanhã.

Críticas
Aludiu também às críticas dos países menos desenvolvidos, que acusam as nações ricas de quererem "matar" o Protocolo de Kyoto --que obriga essas últimas a fixar objetivos vinculativos sobre redução de emissões -, em virtude de um novo acordo que inclua os emergentes e os Estados Unidos, que não assinou o documento.

A presidente da COP-15 elogiou o trabalho desenvolvido pelos ministros como "um bom passo adiante" no processo de diálogo e acrescentou que a atitude taxativa mostrada por muitas delegações dos países em desenvolvimento diante da imprensa "não corresponde com o espírito que reina" nas negociações.

"Vimos progressos significativos nos últimos dias, mas não é suficiente. Fica ainda um enorme terreno a cobrir se quisermos alcançar um acordo ambicioso", apontou De Boer, que pediu às delegações "ideias inovadoras" que levem a um consenso.

De Boer assumiu a responsabilidade pelo caos na organização que a cúpula vive desde ontem, após a chegada das delegações ministeriais.

A ONU credenciou 46 mil pessoas para ter acesso ao Bella Center, sede da conferência, que tem capacidade de abrigar apenas 15 mil por motivos de segurança.

Agência EFE
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