Abertura de comportas da Billings poluirá rios, praias e a água potável da Baixada

Ecoturismo & Sustentabilidade

A abertura de comportas da empresa Billings, pretendida pelo Governo do Estado para preservar a barragem dos efeitos das frequentes chuvas deste verão, não representa apenas risco de inundações para bairros ribeirinhos de Cubatão. Ela poluirá os rios da Cidade, comprometendo a potabilidade da água destinada a diversos municípios da Baixada e a balneabilidade das praias de Santos , São Vicente e Guarujá.

O alerta é da deputada estadual Maria Lúcia Prandi (PT) em ofício encaminhado ao governador José Serra, no qual afirma que o Governo do Estado deve apresentar garantias à população de que a região não sofrerá danos.


Hoje, tanto o rio Cubatão, como o Perequê, considerados vertedouros da Billings, têm a pureza de suas águas atestada pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Básico e Ambiental - Cetesb, órgão do próprio Governo do Estado. Há uma semana, no laudo em que revela que 70% dos rios das cidades litorâneas poluem as praias, a Cetesb não inclui nenhum dos rios cubatenses. É no rio Cubatão que a Companhia de Saneamento Básico do Estado - Sabesp capta a água potável que serve à maior parte das cidades da Baixada. Já o Rio Perequê cruza o parque ecológico de mesmo nome, onde há uma praia fluvial classificada pela Cetesb como a única do litoral centro-sul do Estado que apresenta perfeitas condições de balneabilidade durante todo o ano.

É este manancial que, segundo a deputada Maria Lúcia Prandi, está sendo ameaçado. "É imprescindível que haja um planejamento dos eventuais riscos e de como agir nestas situações, preservando moradores e o polo industrial", disse.

Documento – Endereçado ao governador José Serra, este é o teor do ofício assinado pela deputada estadual Maria Lúcia Prandi, em 22 de janeiro:

"O Governo do Estado deve apresentar garantias à população de Cubatão de que o teste em uma comporta da Represa Billings não causará danos à cidade. E mais: é imprescindível que haja um planejamento dos eventuais risos e de como agir nestas situações, preservando moradores e o polo industrial.

"Todos sabem que as chuvas estão acima da média e que as represas estão com sua capacidade de reserva no limite. O que não pode é que a abertura, seja para teste ou em qualquer outra situação, ocorra sem que a população seja alertada e prevenida sobre os riscos inerentes a esta ação do Poder Público.

"Até mesmo órgãos ligados ao Governo do Estado, como a coordenação regional da Defesa Civil, se colocaram contrários à operação sem um estudo claro do potencial do risco a que Cubatão será submetida, com a vazão de água da Billings para o vertedouro do Rio Perequê. O receio é que áreas de moradia e do polo industrial sejam alagados.

"Diante desse quadro, é inadmissível que a secretária de Energia e Saneamento Dilma Pena tenha uma atitude leviana de acusar a prefeita de Cubatão Marcia Rosa de má fé, apenas por agir com bases técnicas e em defesa da cidade governada por ela. Má fé é esconder da população os riscos a que será submetida e não se preparar para eventuais situações-limite.

"Ademais, também quero expor minha preocupação com os poluentes que poderão ser despejados nos mananciais que abastecem a população da Região Metropolitana da Baixada Santista. Já há uma série de certezas sobre a má qualidade da água servida pela Sabesp à população da Baixada Santista, problemas que devem se agravar sobremaneira com uma ação mal planejada e pouco transparente de aumentar o volume de água da Billings para nossa região".

Carlos Pimentel Mendes/ Paulo Mota
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