São Luiz do Maranhão - A ilha do Amor

Provavelmente sou o caçula, o que chegou por último dentre aqueles que escrevem para esta revista, e de todos os textos que escrevi, acredito que os que lêem, acostumaram-se a ler assuntos ligados à agricultura sustentável. Nesta edição, vou me aventurar pelos roteiros turísticos, pedindo licença à família schurmann que o faz com muita competência, assim como os demais colegas colaboradores da “Ecoturismo e Sustentabilidade”. Mas tentarei fazer diferente, além do que este assunto, não ser a minha especialidade, escreverei da ótica do turista, com olhar observador de contemplação e ocasionalmente crítico.


Oportunamente no mês de janeiro viajei para capital do estado do Maranhão, para tirar merecidas férias. A cidade, fundada por franceses, chamada carinhosamente de cidade dos azulejos (muitos!), Jamaica brasileira, ilha do amor e Atenas brasileira, hoje é reconhecida como patrimônio histórico da humanidade e exibe como símbolo um azulejo azul. Esta marca é uma das primeiras coisas que pudemos observar adentrando pelos limites da cidade por via terrestre. O azulejo está por toda a parte. Os ônibus coletivos que nos ultrapassam pelas avenidas, estampam-no pelas suas laterais, chegando aos semáforos, os mesmos são embutidos numa caixa que lembra um conjunto de azulejos azuis. Realmente, com o tempo pude observar, que principalmente no centro histórico, os azulejos são uma atração à parte, sendo eles estampados das mais variadas formas geométricas e combinação de cores.

Apesar de ser uma capital, com largas e longas avenidas, a impressão obtida é de um transito de fluxo livre, com pouco ou nenhum engarrafamento, facilitando com rapidez o acesso aos pontos turísticos e as praias, embora a sinalização seja pouca. Mas para compensar a pouca sinalização, o ludovicense ou são-luisense (Quem é nascido lá), é um povo extremamente atencioso e detalhista quando a questão é fornecer informações.

A cidade une arquitetura histórica, com novos e modernos empreendimentos imobiliários e vários parques ecológicos com áreas verdes, de vegetação de restinga e matas de cocais em vários pontos da área urbana. Exemplos disso são os parques do Rangedor e o da lagoa da Jansen, este com uma enorme estátua de serpente no seu leito. Uma das atrações da Jansen é o mirante do parque da lagoa, de onde se obtém uma abrangente vista da região.

Chegando-se à orla à noite, a avenida à beira-mar mais procurada é a Litorânea, com calçadão movimentado, seus bares, restaurantes como pizzarias e churrascarias. Apesar desta “badalação”, o local é tranqüilo e com policiamento. Aliás, policiamento é encontrado por qualquer lugar que se vai, principalmente na periferia, onde se realizam as famosas radiolas de reggae. Por falar em reggae, que é música, lá na avenida litorânea escuta-se boa música ao vivo nos bares do calçadão, da MPB ao pop rock. Um dos bares que mais chamam a atenção é o Adventure, tanto pela alta lotação das mesas, como pela decoração feita com motocicletas de cross exibidas ao solo e suspensas. Olhando-se para o horizonte do mar, o que se vê é uma cidade iluminada, melhor compreendida só depois que o sol nasce.

Chegando-se à orla pela manhã, na mesma avenida litorânea, que contorna algumas praias como a do caolho, ví a areia com poucas pessoas, tanto em um domingo, como numa segunda-feira, sendo bem propícia uma caminhada, observando pequenas aves migratórias que brincavam voando a poucos centímetros da areia e da superfície do mar. Mesmo sem nenhuma contra-indicação para o banho, o pouco movimento em uma praia na área urbana é um fato curioso. Ainda lá, observando o limite do mar no horizonte, observam-se vários navios, dando a impressão que estão em fila indiana esperando atracar no porto que fica na direção esquerda. Nesta mesma direção, encontra-se Alcântara, numa extensão de terra que avança no mar. Estes navios, o porto e Alcântara, representam a cidade iluminada, vista à noite no horizonte do mar. Em Alcântara fica a base de lançamentos de foguetes do programa espacial brasileiro. Apesar da tranqüilidade da praia, lamentavelmente é permitido o transito de veículos na areia da praia, que além do risco para os banhistas que tomam sol e brincam na areia, é um risco para os próprios “pilotos”, pois segundo relatos, é bastante comum veículos atolarem na areia movediça da praia. Sim, movediça mesmo, pois ficar parado sobre a areia encharcada corre-se o risco de afundar alguns centímetros, quem sabe até o joelho. Com mar sempre agitado e muito vento, aos domingos pode-se ver algumas pessoas praticando Kite Surf. Por toda a avenida litorânea, várias casas de veraneio fazem frente com a praia, mas nenhum edifício pode ser observado, valorizando a paisagem natural da orla.

São Luis também tem a versão da rua 25 de março que fica em São Paulo, onde tudo se vende, tudo se compra. Só que esta rua, aparentemente sem começo e sem fim, onde carros não entram, só pessoas, muitas pessoas, lá se chama Rua Grande. Original. Para quem não dispensa umas comprinhas quando se viaja, este é o lugar. Onde se acham de lojas populares a grandes franquias, instaladas até mesmo em casarões antigos, ornamentados pelos nossos já íntimos azulejos. Caso se faça boas compras e a hora passar sem perceber, saindo das lojas ao cair da noite, se verá, além de lojas fechando é claro, um comércio paralelo completo e do tamanho do nome da rua. Incontáveis orientais, provavelmente chineses e coreanos espalhando mercadorias em lonas e plásticos pelo chão, desde CD’s, DVD’s, peças de plástico, eletrônicos, enfim.

Para quem gosta de umas compras mais sofisticadas, fugindo do calor sufocante de São Luis e passeando no ar condicionado de um Shopping Center, a cidade dispõe de três principais. O Shopping São Luis, O Shopping Tropical e o Shopping Jaracati. Todos agradáveis, sendo que o São Luis é o maior deles, contando com 10 salas de cinema e mais de 150 lojas. A expectativa em se tratando de shopping é a construção do Shopping da Ilha, que superará em tamanho, todos os já existentes.

Continuando as compras, o lugar certo para se achar souvenir da cidade é no centro histórico, chamado carinhosamente de Reviver. E realmente andar pelas suas ruas, é ter a oportunidade de reviver a história do Brasil, pela arquitetura antiga, com casarões de 1° andar, ornados por aqueles bonitos azulejos. Os casarões, com suas várias portas, são ocupados por bares e por lojas de artesanatos. A vontade é de levar uma coisa de cada, já que a variedade encanta, desde bijuterias, camisetas com estampas de que? Azulejos! Licores, quadros, canecas, bordados, bombons de chocolates recheados de Bacurí e Cupuaçu, frutas típicas da região norte do Brasil – Recomendo o de Cupuaçú. O Maranhão apesar de pertencer à região nordeste, é a porta de entrada da região amazônica, mesclando traços nordestinos e nortistas. Os itens acima representam uma pequena amostra das coisas que podem ser encontradas no “Reviver” que com suas ruas de pedra e ladeiradas, pequenas barraquinhas em feirinhas são encontradas por lá, vendendo “miudezas” de artesanato além de manifestações culturais em cada esquina. É no reviver, que se pode conhecer a imponência do palácio dos Leões, sede do governo do estado e do Palácio da Justiça, com suas colunas sustentando o pórtico de entrada.

Com certeza o mais procurado destino para prática do ecoturismo nas redondezas de São Luis, são os Lençóis Maranhenses, com suas brancas e altas dunas e suas lagoas formadas pela chuva. Chuvas essas que andam escassas, faltando assim suprimento para a manutenção das lagoas, que no período da minha estadia no Maranhão, estavam praticamente secas. Esta seca, que teve uma grande repercussão, inclusive em rede nacional de televisão no mês de Janeiro deste ano, dentre outros motivos, impediram-me de conhecer o santuário ecológico. Tive que contentar-me com os lençóis maranhenses de dormir e peço permissão aos leitores para escrever brevemente sobre este destino turístico apenas com informações relatadas a mim.

Para chegar até os lençóis maranhenses, deve-se deslocar-se até a cidade de Barreirinhas-MA, que fica distante 272 Km da capital. Lá os turistas devem alugar carros de tração, para os passeios nas dunas, com aluguel custando em média R$ 40,00/Pessoa. Na região existem boas pousadas e restaurantes, caso os visitantes decidam passar mais tempo desfrutando das belezas do lugar. A boa pedida é esperar o pôr do sol antes de retornar a São Luis, para assistir uma indescritível obra prima da natureza.

Outro Roteiro imperdível é se dirigir 22 km pela MA-203 para a pequena e recém emancipada cidade de Raposa-MA. Lá é possível almoçar em bons restaurantes (Dica: Pratos à base de peixe no restaurante do capote), além de encontrar casinhas simples de taipa, mas com um variado estoque de artesanatos em renda para venda aos visitantes. Em Raposa, encontra-se a maior colônia de pescadores do estado do Maranhão e o atracadouro dos barcos, vale boas fotos, principalmente no cair da tarde.

Hawston Pedrosa
Foto: www.spintravel.blogtv.com.pt 
1 Response
  1. Anônimo Says:

    Olá!

    Tive também a oportunidade maravilhosa, de conhecer São Luiz - em janeiro/2010 e apaixonei-me.Quero poder voltar muitas outras vezes.Gostaria de aproveitar, para dar a dica de São José do Ribamar - cidade próxima e que tem a sua "história" focada na igreja que teve que ser construída, voltada para o mar.Adorei!