Da ficção para realidade, Vasco Valentino conta seu cotidiano “verde”

                                                   
Uma rotina regrada em papeis na ficção e uma mentalidade focada na economia de papeis na realidade, assim é o dia a dia do ator Vasco Valentino, que interpreta o personagem Amaro na novela das seis “Cama de Gato”.
Em entrevista exclusiva para Revista Ecoturismo & Sustentabilidade o ator relatou sua preocupação em preservar o meio ambiente. “Sou somente mais uma pessoa no mundo, procuro agir de forma que minhas atitudes não agridam o espaço dos outros”, afirmou Vasco Valentino.

O ator disse que todos os dias quando a vai à banca de jornal pede ao jornaleiro que não coloque o que compra em sacolas.“É uma a menos para poluir”, brincou.
Os textos que recebe para encenar na novela são todos lidos na própria tela do computador, nada de imprimi-los, e as folhas de papel sulfite sobre a escrivaninha são quase todas de papel reciclado.


“Às vezes preciso tirar uma cópia e vem em folha normal, mas quando vou comprar para usar no dia a dia, dou sempre preferência, aos papeis ‘verdes’; tem gente que pergunta se eu sou maluco em ser ecologicamente correto, não sei o motivo de tanto espanto, isso deveria ser normal com todo mundo. Maluco é quem vive o hoje e não se preocupa que o planeta tem que continuar a existir amanhã”, afirmou.

Vasco Valentino é conhecido no teatro por apresentar peças consagradas como “Uma Rosa para Hitler” e “Pobre de Rico”, já ganhou prêmios de melhor ator, elogiado no Brasil e Colômbia, o ator ecológico diz ter poucas manias, como não mandar fazer folder de suas peças de teatro.

“Cartazes não tem como evitar, sem divulgação, sem público, agora panfletos explicativos eu já acho um exagero, se a peça precisa ter legenda no papel para a platéia entender, alguma coisa está errada. Depois ninguém guarda papel, vai tudo para o chão e o teatro fica imundo, é dinheiro jogado no lixo e árvores derrubadas no chão”, contou rindo.

Durante a entrevista Valentino pediu que tomasse cuidado com o que escrevia, “não quero que pensem que eu sou doido, ou que quero mudar o mundo sozinho, não é isso, procuro fazer minha parte, pensar mais no coletivo do que somente no meu próprio bem-estar”.

Questionado sobre o que achava de tantas calamidades naturais que estão ocorrendo, se achava que tinha alguma influência das atitudes do homem, o ator disse achar que sim. “De uma forma ou de outra tem [influência do homem], veja São Paulo é uma cidade de asfalto e prédios, não tem quase lugar para água ir, sem falar nos lixos que entopem os bueiros, a gente colhe aquilo que planta, acho o cúmulo da falta de educação quando vejo alguém arremessando lixo pela janela do carro, depois vem uma enchente e culpam Deus, é um absurdo.”

Morando próximo a praia Valentino afirmou que gosta de refletir sobre a vida e o trabalho até de madrugada sentado na areia e relatou que volta para casa cheio de lixo que recolhe na praia.

“A vida seria bem melhor se cada um parasse para pensar que não está aqui sozinho, se um não invadisse o espaço do outro. Por mais personagens que eu faça tem coisas no ser humano que não consigo entender”, desabafou.

Quando o assunto é projeto para o futuro, o ator relatou que quer voltar aos palcos depois da novela, quer conciliar o trabalho na televisão com o teatro.
“Quero muito viajar por todo Brasil com o monólogo Pobre de Rico, levar o teatro até o público, o artista não pode ser intocável, tem que estar com aqueles que admiram seu trabalho”, relatou.

Na hora de deixar um recado sobre preservação do meio ambiente, disparou: “Ninguém deve fazer sacrifícios, deve somente haver respeito, eu não posso entrar em sua garagem e destruir teu carro, assim como não posso sair poluindo e destruindo tudo que vem na minha frente. Viver é deixar viver, já diz a música”.

Laércio Guidio
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